Com apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), agricultores familiares de Boa Esperança estão dando os primeiros passos para iniciar a criação de abelhas nativas sem ferrão, prática conhecida como meliponicultura. Na última semana, representantes da Associação de Camponeses e Camponesas Agroecológicos Esperança Viva participaram de uma visita técnica à Estação das Abelhas, que o Instituto mantém na Unidade Experimental de Produção Animal Agroecológica (Uepa), em Linhares.

O objetivo da visita foi apresentar os fundamentos da atividade, além de avaliar o interesse do grupo. Na Estação, o extensionista Alex Fabian Rabelo conduziu uma introdução sobre os diferentes tipos de criação de abelhas, com foco nas espécies sem ferrão, como jataí, mandaguari (amarela e preta) e uruçu amarela. 

Os agricultores puderam conhecer de perto o funcionamento de um meliponário, com demonstrações práticas de manejo, tipos de caixas, estrutura dos ninhos e técnicas de multiplicação de colônias. 

“Mostramos como é feita a criação, o papel da rainha, a disposição dos potes de mel e pólen, e destacamos as espécies mais comuns no Espírito Santo. A intenção nessa primeira visita é despertar o interesse, proporcionar um contato inicial com a atividade. Depois disso, podemos evoluir para visitas técnicas a meliponicultores parceiros e, por fim, às propriedades dos produtores, para orientar a implantação dos meliponários”, explicou Rabelo.

A visita foi organizada em parceria com o escritório local do Incaper em Boa Esperança, que assiste os agricultores agroecológicos da região. De acordo com o extensionista Ivanildo Schmith Küster, que acompanhou o grupo na visita, os produtores já começaram a se mobilizar para estruturar os primeiros criatórios. 

“Um deles, que também trabalha com marcenaria, fabricará as caixas com madeira doada por outro integrante. A aquisição dos primeiros enxames também está em planejamento, com apoio técnico do Incaper, que acompanhará os próximos passos dos produtores que quiserem apostar na atividade”, frisou Küster.

Meliponicultura é alternativa sustentável para diversificação agrícola

As abelhas sem ferrão são polinizadoras essenciais tanto para a preservação da biodiversidade quanto para o aumento da produtividade agrícola. Na agricultura familiar, a meliponicultura representa uma alternativa sustentável, de baixo custo e alto potencial de retorno, especialmente em sistemas agroecológicos, onde a polinização natural é estratégica para a produção.

“Além do mel, que é valorizado por suas propriedades medicinais e sabor único, a atividade pode gerar outros produtos como pólen, cera e própolis, utilizados nas indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica. A criação também pode ser integrada ao turismo rural e às ações de educação ambiental”, salienta o extensionista Alex Fabian Rabelo.

Segundo o extensionista Ivanildo Küster, a ideia principal dos agricultores de Boa Esperança é usar as abelhas como agentes polinizadores nas lavouras, mas também há interesse na produção de mel para consumo e, possivelmente, para venda. "O mais importante é que essa atividade já começa a despertar a curiosidade de outros produtores da região e pode ganhar espaço como alternativa para diversificação agrícola”, destacou.

Visitação à Estação das Abelhas

Localizada na Fazenda Experimental de Linhares, a Estação das Abelhas recebe grupos interessados em conhecer mais sobre meliponicultura, a partir de agendamento. As visitas podem ser marcadas pelo e-mail afabian@incaper.es.gov.br ou por meio dos escritórios locais do Incaper. Os contatos estão disponíveis em: incaper.es.gov.br/agenda-de-contatos. 

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