Em Santa Leopoldina, município capixaba que lidera a produção nacional de gengibre, pequenos empreendedores estão apostando na fabricação de produtos que valorizam ainda mais esse aromático rizoma. O movimento representa o início de uma fase de verticalização e diversificação da cadeia produtiva, com o gengibre ganhando espaço como ingrediente em bebidas, biscoitos e outros alimentos com maior valor agregado.
O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem desempenhado papel fundamental nesse processo, oferecendo orientação técnica e apoio em todas as etapas de regularização das agroindústrias. A atuação do Instituto abrange desde o planejamento das estruturas produtivas até a adequação sanitária e o licenciamento junto aos órgãos de inspeção, garantindo que os produtos cheguem ao mercado com qualidade e segurança.
O primeiro resultado desse trabalho foi o registro da agroindústria Gengibre.Bom no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o que a autoriza a produzir uma bebida alcoólica mista que tem o gengibre entre seus ingredientes. O empreendimento é o primeiro desse gênero na região a conquistar o registro federal. Outros dois projetos semelhantes estão em fase de adequação, também com o acompanhamento técnico do Incaper.
Tradição familiar virou negócio
A receita que deu origem à Gengibre.Bom nasceu nas confraternizações familiares de Genedir Inês Rasselli Novelli, ainda nos anos 1990. Durante a pandemia da Covid-19, a tradição ganhou novo impulso: ao lado do filho Jeferson Novelli e da nora Jaqueline, a produtora decidiu investir na bebida feita com cachaça, gengibre e açúcar, que começou a ser comercializada na Grande Vitória e rapidamente conquistou mercado.
“Obter esse registro no Mapa é o resultado de muita luta e persistência ao lado da minha mãe e da minha esposa. Hoje é gratificante ver que tudo está dando certo. O registro vai muito além de um número: é fruto de dedicação e também um marco para que possamos expandir os negócios”, destacou Jeferson.
Ele também ressaltou o papel do apoio técnico recebido. “O Incaper foi fundamental para o nosso registro. Nos acompanhou desde o início, no projeto da construção e em cada etapa do processo, sempre orientando e buscando as melhores práticas para que tudo desse certo. Em dezembro de 2024 fomos certificados e, em agosto de 2025, passamos pela primeira inspeção do Mapa com sucesso”, relatou.
Segundo o extensionista e coordenador do Centro Regional de Desenvolvimento Rural Central Serrano do Incaper, Galderes Magalhães de Oliveira, o processo de regularização envolveu desde o planejamento das estruturas até o acompanhamento das adequações junto aos fiscais. “Foi um trabalho conduzido de forma a aproveitar a estrutura já existente na propriedade, sempre dentro das normas sanitárias e ambientais, garantindo qualidade e segurança para o consumidor”, explicou.
Empreendedora busca formalizar produção de biscoitos Outra empreendedora que aposta no potencial do gengibre é Roziene Luzia Nagel, que está em processo de regularização da sua agroindústria junto ao Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Ela começou a produzir biscoitos há pouco mais de dois anos, inspirada em receitas da infância e em um curso sobre derivados de gengibre.
“Eu sempre gostei de fazer biscoitos, uma tradição que vem dos meus pais e avós. O gengibre entrou na minha história quando começaram a produzir aqui na região. Fiz um curso de biscoitos à base de gengibre e guardei a receita por muito tempo, até que decidi testar, e o resultado foi um sucesso”, contou.
Hoje, Roziene produz e vende em feiras e eventos na Grande Vitória, onde o produto tem ótima aceitação. “Trabalho em casa, num espaço pequeno, mas com o apoio do Incaper estou realizando o sonho de ter uma agroindústria toda licenciada. Quero ampliar, entrar de vez no mercado e continuar inovando com produtos derivados do gengibre”, completou.
Gengibre capixaba: força econômica e identidade cultural
O Espírito Santo responde por cerca de 75% da produção nacional de gengibre, com aproximadamente 77,7 mil toneladas colhidas em 2024. Nesse mesmo ano, o valor gerado nas propriedades capixabas ultrapassou R$ 317 milhões, e as exportações movimentaram mais de US$ 45 milhões, consolidando o Estado como líder nacional na produção e exportação.
Transformar o gengibre em ingrediente de novos produtos é uma forma de ampliar o mercado e reduzir a dependência da exportação da raiz in natura. “Essas iniciativas mostram que o gengibre pode ir além da exportação, conquistando novos consumidores no mercado interno por meio de produtos diferenciados”, reforçou Galderes Magalhães.
Além de bebidas e biscoitos, o gengibre tem potencial para ser explorado em novos segmentos — como doces, geleias, chás e cosméticos —, abrindo espaço para uma cadeia diversificada e sustentável. Essa valorização também impulsiona o turismo de experiência, com visitas às agroindústrias, degustações e possíveis rotas gastronômicas temáticas.
Nesse movimento, o gengibre se consolida como produto agrícola de destaque e como símbolo cultural e gastronômico de Santa Leopoldina. “Mais do que uma cultura importante para a economia local, o gengibre ajuda a valorizar o território, aproximar o consumidor do campo e inspirar novos empreendimentos”, destacou Galderes. Nosso papel é apoiar o produtor para que conquiste autonomia e se torne referência para outras agroindústrias que buscam se formalizar”, concluiu.
Informações à Imprensa:
Coordenação de Comunicação e Marketing do Incaper
Felipe Ribeiro
(27) 98849-6999
comunicacao@incaper.es.gov.br