O preparo do solo, o manejo da planta, a colheita e comercialização do fruto são algumas etapas do ciclo produtivo da agropecuária. Para que elas se desenvolvam com excelência, além da dedicação do agricultor, são necessários investimentos em insumos, máquinas e demais ferramentas que são fundamentais para o trabalho no campo. O crédito rural é um instrumento que possibilita o custeio dessas atividades e a adoção de tecnologias, o que tem transformado a vida de diversos agricultores familiares no Espírito Santo.
A produção de morango orgânico do agricultor familiar Gilson Quinelato, em Guaçuí, se fortaleceu ao longo dos anos devido aos recursos de financiamentos. O primeiro acesso ao crédito rural que o produtor teve, há cerca de uma década, foi para o investimento na lavoura e também para custeio da produção. O mais recente crédito possibilitou a compra de um automóvel zero quilômetro, que é utilizado na entrega dos morangos.
“Conseguimos colocar os túneis que protegem os morangos. Sem os túneis, a gente perde a produção com a chuva. Se não fosse o crédito, não poderia manter o que estou mantendo até hoje, ainda mais por ser produção orgânica que é mais difícil. O crédito é um recurso muito bom e fundamental”, exclamou Quinelato.
Para trabalhar com a produção suspensa do morango, que o agricultor descreve como um sonho, ele está pleiteando um novo financiamento. "Estou tentando fazer um investimento para trabalhar com a estufa alta e melhorar a produção. Trabalhar com o morango suspenso é o meu sonho e faço de tudo para melhorar cada vez mais”, completou Quinelato.
O extensionista do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper de Guaçuí, Maxwell Assis, é quem acompanha a produção de morangos do agricultor familiar Gilson Quinelato. “É um produtor muito bom no que faz, um dos maiores na produção orgânica. Entende as demandas técnicas e a importância da técnica na produção. Utilizou o crédito como uma ferramenta para impulsionar suas atividades e melhorar suas condições de deslocamento para a entrega da produção”, mencionou Assis.
O agricultor familiar tem acesso ao crédito rural por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Um dos requisitos para que o recurso seja obtido é a apresentação do projeto de crédito, que pode ser elaborado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) à instituição financeira. O Incaper também elabora a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que, além de dar acesso ao crédito rural, permite a inserção de agricultores familiares em diversas políticas públicas.
O crédito rural é uma política pública que agrega os eixos ambiental, social, econômico e de inovação. Para a elaboração do projeto de crédito, todos esses eixos são planejados juntamente com a unidade familiar. São levantadas demandas como: os melhores locais para alocação de uma cultura, a melhor época de plantio, as práticas de cultivos a serem empregadas, os canais de comercialização, a mão de obra a ser envolvida, respeito às normas do Código Florestal, entre outros, conforme explicou o coordenador da Comissão de Apoio ao Crédito do Incaper, João Marcos dos Santos Junior.
Crédito possibilita que jovens invistam no campo
O recurso do crédito rural possibilita o investimento para quem inicia o trabalho no campo, como é o caso do jovem agricultor Rogério Kruger de 33 anos. Antes de se tornar um agricultor, ele operava trator na região de Santa Leopoldina, onde cresceu na propriedade rural da família. Já seu irmão, Gleydson Booner Kruger de 36 anos, que hoje divide o trabalho nas lavouras de café e inhame, trabalhava em um supermercado do município.
A vida dos irmãos foi transformada há cerca de 12 anos, quando tiveram o primeiro acesso ao crédito rural pelo Pronaf. O dinheiro do financiamento foi investido para a plantação da lavoura de inhame, na propriedade familiar, e em instrumentos, como transformador e encanamentos.
Com um novo acesso ao crédito, foi comprado um trator agrícola usado nas lavouras e também para a fabricação de silagem com o milho plantado na entressafra do café ou do inhame. A ensilagem de milho gera cerca de 90 toneladas de silagem, que são comercializadas e complementam a renda dos agricultores. Hoje, o cultivo na propriedade dos irmãos rende, aproximadamente, três mil caixas de inhame e 1.200 sacas de café ao ano.
“Eu e meu irmão decidimos investir na propriedade da família, mesmo sabendo que não era fácil. Mas, com amor, dedicação e persistência estamos produzindo bem e dando continuidade ao trabalho na roça. O crédito nos ajudou muito e ainda ajuda. Sem o financiamento não teríamos dinheiro para investir”, contou Rogério Kruger.
O ELDR do Incaper de Santa Leopoldina foi o escritório que mais se destacou na elaboração de projetos de crédito rural em 2020. De acordo com o coordenador do Escritório Local, João Paulo Ramos, a soma de recursos dos financiamentos foi de cerca de R$ 3 milhões. O financiamento foi destinado, principalmente, a jovens com faixa etária entre 23 e 40 anos.
Conforme explicou o coordenador do ELDR, que também é extensionista, o Incaper atua como uma das pontes para acesso ao crédito rural. O agricultor levanta a sua demanda e o servidor do Instituto elabora o projeto, com base na análise da produção e na viabilidade técnica e econômica.
“A demanda de crédito rural só cresce com o passar dos anos. O crédito é extremamente importante para a família e, principalmente, para o homem que está começando a vida no campo. Possibilita recurso para alavancar a propriedade, além de promover a sucessão familiar. A taxa de juros do Pronaf é adaptada à realidade do agricultor e isso é um grande benefício”, destacou Ramos.
Premiação para incentivar o crédito rural
Com o objetivo de incentivar a elaboração de projetos de crédito rural, que visam ao fortalecimento da agricultura familiar, o Incaper lançou uma premiação destinada à valorização dos servidores. Por meio de critérios quantitativos e qualitativos, serão premiados, no início de 2022, servidores e equipes de acordo com o número de projetos de crédito elaborados nas seguintes categorias: Servidores do Ano do Crédito, Equipe Local do Ano do Crédito e Equipe Regional do Ano do Crédito.
“O crédito rural é estratégico para a melhoria das atividades agropecuárias, especialmente para agricultores familiares capixabas. A premiação é para estimular e motivar as equipes operacionais do Incaper na elaboração de projetos de crédito rural, que tem como objetivo principal a melhoria das condições de trabalho no campo”, afirmou o diretor-presidente do Incaper, Antônio Carlos Machado.
“Ao incentivar internamente o crédito rural, o Incaper reassume seu papel de promoção do desenvolvimento rural junto às unidades familiares capixabas. A intenção do Instituto é valorizar os profissionais e as equipes que participam do processo de crédito e isso será feito por meio de capacitações profissionais e melhorias nas infraestruturas dos escritórios. A premiação resultará na valorização dos servidores, da Instituição e o ganho também é para as famílias rurais, que passarão a contar com uma equipe mais especializada e com melhor estrutura para seu atendimento”, ressaltou João Marcos dos Santos Junior.
Texto: Andreia Ferreira
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