Avaliar as espécies florestais mais adequadas para sistemas silvipastoris na região Sul Caparaó capixaba é o objetivo de um dos projetos de pesquisa do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). A proposta irá associar os conhecimentos tradicionais dos agricultores sobre a interação entre árvores e pastagens com a investigação científica em diversas propriedades da região.
O projeto “Investigação do potencial das espécies arbóreas do Sul-Caparaó do ES para o desenvolvimento de boas práticas agrícolas em sistemas silvipastoris” recebe financiamento do Edital Fapes/Seag nº 06/2015, uma parceria inédita de órgãos do Governo do Estado com o setor acadêmico e produtores capixabas, e está sob a coordenação do biólogo, Mestre em Ecologia e Recursos Naturais e Agente de Pesquisa e Inovação em Desenvolvimento Rural do Incaper Maurício Lima Dan.
“O objetivo do nosso projeto é associar os conhecimentos tradicionais dos agricultores familiares com relação à interação das árvores e as pastagens e realizar um levantamento das espécies de árvores que existem nas pastagens desses agricultores. Com isso, pretendemos entender quais espécies de árvores são mais adequadas à realidade local e recomendá-las para o desenvolvimento de sistemas silvipastoris”, explicou Maurício.
Ele explicou que os sistemas silvipastoris são semelhantes a ecossistemas naturais como as savanas africanas, onde os animais pastejam em um ambiente que combina árvores e forragens interagindo entre si, mas são estabelecidos segundo um modelo minimamente planejado pelo homem. A importância desses sistemas é poder agregar produtos madeireiros e não madeireiros e serviços ambientais ao sistema produtivo. Já o produto principal dependerá do perfil do agricultor, podendo ser proveniente da árvore ou do animal, sendo, por exemplo, madeira e carne ou frutas e leite.
Resultados para a sociedade
Por meio dos resultados desse projeto, a sociedade poderá compreender quais as espécies mais indicadas para utilização em sistemas silvipastoris na região e os múltiplos usos das árvores, que podem, inclusive, ser uma fonte de renda extra para os agricultores.
Outros benefícios podem ser gerados por meio da pesquisa, como o conhecimento das interações ecológicas da árvore com o pasto, o solo e o gado. Além disso, a melhoria da fertilidade do solo e o controle da erosão, o aumento da infiltração da água da chuva e da biomassa da forrageira e o conforto térmico para os animais são outros pontos positivos que advêm a partir desses estudos.
“Esperamos conhecer e divulgar os potenciais produtos madeireiros e não madeireiros que podem ser extraídos dessas árvores e os serviços que elas prestam ao ambiente e aos agricultores, potencializando uma pecuária mais sustentável do ponto vista ambiental e econômico. Queremos, ainda, elaborar um guia ilustrado sobre as espécies arbóreas mais promissoras para implantação em sistemas silvipastoris da região”, destacou Maurício.
Essa pesquisa será realizada em propriedades rurais de agricultores familiares nos municípios de Alegre, Cachoeiro de Itapemirim e Jerônimo Monteiro. A duração do projeto é de três anos, tendo sido iniciado em janeiro de 2017.
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Texto: Luciana Silvestre Girelli
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