Mulheres cacauicultoras da região norte do Espírito Santo se reuniram no Cerimonial Solarium, no município de Linhares, em mais uma ação do Projeto Mulheres do Cacau, coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). O objetivo foi apresentar os resultados do projeto para a sociedade e despertar o interesse das mulheres para a organização social e produtiva.
“A nossa proposta foi permitir mais um momento de troca de experiências e conscientização sobre problemas e possibilidades para essa cadeia produtiva desenvolvida por mulheres. Queremos, cada vez mais, estimular a cooperação mútua, o que permite nos direcionar para novas ações em projetos futuros e em novos mercados”, explicou a coordenadora do Projeto Mulheres do Cacau e extensionista do Incaper, Alessandra Maria da Silva.
Compuseram a mesa de abertura a coordenadora de Projetos para Mulheres da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Patrícia Ferraz do Nascimento; o diretor técnico-científico da Fapes, Celso Alberto Saibel Santos; a assessora especial Fapes, Rosa Maria Trevas Azevedo; a diretora técnica do Incaper, Sheila Prucoli Posse; o diretor-presidente do Incaper, Lázaro Samir Raslam; o pesquisador do Incaper e coordenador do curso de Agronomia do Centro Universitário Faesa, Renan Batista Queiroz, além de integrantes do Estado e da Câmara de Vereadores de Linhares.
No encontro, foram realizados debates, palestras e oficinas sobre o mercado, produção e fabricação de produtos que envolvem o cacau. As mesas-redondas e palestras tiveram a participação de empresários, especialistas e técnicos do setor com atuação em todo o País, entre elas a Cacau Show, a Chocolates Faccinio e a Chocolates Reinholz.
“Estamos abertos para conversar com outras mulheres. Por isso, eu digo que não só contribuímos para que elas agreguem valor ao cacau, mas para que busquem o seu próprio valor. Juntas podemos dialogar e ir mais longe”, disse a produtora de cacau e fabricante de chocolates finos, Fabiani Reinholz.
Nas palestras, foram debatidos temas importantes, como a importância da organização social de mulheres rurais no contexto da cacauicultura no Espírito Santo; o mercado de amêndoas de qualidade, produção de cacau com qualidade; a produção de cacau em pó para mercados institucionais; o uso de bioinsumos para a cultura do cacau, manejo e nutrição sustentável para nos cacaueiros.
“Fazer parte do grupo Mulheres do Cacau, com todo seu reconhecimento, aumenta ainda mais as novas perspectivas por meio da produção de amêndoas de qualidade. Isso faz a gente sonhar alto e, inclusive, pensar em exportação. Quando a gente se reúne, a vontade de crescermos juntas aumenta ainda mais. Viva as mulheres do cacau”, disse a agricultora familiar e membro do projeto Matilde Garabelli.
O diretor técnico-científico da Fapes, Celso Saibel, lembrou que já fazem dois anos de parceria com o Incaper, com o Projeto Mulheres do Cacau. “A Fapes fica orgulhosa de apoiar um projeto como esse, que envolve visibilidade internacional e representatividade feminina, além da integração e empoderamento coletivo”, destacou.
Segundo ele, do ponto de vista da sustentabilidade, o projeto permitiu a produção de amêndoas com qualidade, gerando a melhoria de preços, além do reconhecimento dos consumidores mais exigentes. “O projeto deve resultar ainda na implementação de associações por todo o Estado, com a formação de novas cooperativas, como a de Linhares”, completou Celso Saibel.
“O cacau produzido em Linhares representa grande parte da produção de todo o Estado do Espírito Santo. Cada vez mais, buscamos fomentar a revitalização da lavoura cacaueira no nosso município e potencializar a cadeia produtiva, por meio do trabalho das mulheres”, explicou o secretário de Agricultura de Linhares, Franco Fiorot.
Para o diretor-presidente do Incaper, Lázaro Samir Abrantes Raslan, é preciso fazer uma Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) cada vez mais inclusiva e sem discriminação de gênero. "Saber que mulheres produtoras de cacau estão se fortalecendo tanto e em tão pouco tempo, nos mostra que o trabalho desenvolvido por elas é fundamental e único. Que as mulheres ganhem cada vez mais espaço no meio rural e mostrem a sua força”, reforçou.
A coordenadora do Projeto Mulheres do Cacau, a extensionista Alessandra Silva, lembrou da importância das parcerias em projetos de difusão tecnológica. “As ações sociais, como a redução das desigualdades de gênero no campo, contribuem para a transformação da realidade local e para o estabelecimento de redes de relações produtivas, ampliando os espaços de atuação da mulher”, disse.
Em nome de todas as mulheres do cacau, Alessandra Silva aproveitou para agradecer aos parceiros apoiadores do projeto: Prefeitura de Linhares, Banco do Nordeste, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) - campus de Santa Teresa, Linhares e Colatina - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Fazenda Capixaba, Belezas da Mata, Lithoplant, Linhagro, Chocolates Faccinio, Chocolates Reinholz, Cacau Show, Centro Universitário Faesa, Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (ACAU), Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA Brasil), APEX Brasil e Simon Science Pesquisa de Desenvolvimento Agrícola.
Projeto Mulheres do Cacau
O projeto Mulheres do Cacau surgiu por meio do levantamento de demandas das mulheres de Linhares, feito pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), para atender ao projeto “Elas no campo e na pesca, empreendedorismo liderança e economia”, do Governo do Estado. O primeiro passo foi inscrever e submeter o projeto ao edital do banco de projeto da Seag e a FAPES.
Contempladas em primeiro lugar na categoria agroindústria deram continuidade aos trabalhos, se organizando para conquistar mercados diferenciados para amêndoas de qualidade.
Participam do projeto mulheres de Linhares, Rio Bananal, Colatina, Santa Teresa e São Roque do Canaã. Aproximadamente 60 mulheres fazem parte do projeto nos cinco municípios. Para participar é preciso trabalhar com cacau em regime de agricultura familiar. As mulheres também recebem o acompanhamento de economistas domésticas que orientam na rotulagem dos produtos e acesso aos mercados especiais.
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