Nesta sexta-feira (26), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) sediará o seminário de lançamento do livro “Conexões Quilombolas: Imagens e Memórias”. O evento acontecerá no auditório do CEFED, no campus de Goiabeiras, em Vitória, das 9h às 12h30.
A publicação é fruto do projeto Conexões Quilombolas, que nasceu no Incaper, com um importante investimento do governo do estado, por meio da Secretaria de Estado Agricultura (SEAG), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), reunindo memórias, imagens e vivências de oito comunidades quilombolas capixabas. A Secretaria Estadual das Mulheres (SESM) por ter sido identificada a força e a participação das mulheres nestas comunidades.
Representantes dos oito territórios estarão participando de rodas de conversa durante o evento de lançamento. Mais do que um registro, o livro dá visibilidade à luta, à produção, às tradições e à resistência dos quilombos, evidenciando o papel central das mulheres na preservação da cultura e no fortalecimento da organização comunitária.
A secretária de Estado das Mulheres, Jacqueline Moraes, comemorou a finalização da pesquisa que vem sendo desenvolvida desde quando estava vice-governadora. “Em dezembro de 2022 assinava, enquanto vice-governadora do Estado, o compromisso para a execução do projeto Análise e Avaliação dos Impactos Socioeconômicos Gerados a Partir da Adoção de Tecnologias e do Acesso às Políticas Públicas em Comunidades Quilombolas no Estado do Espírito Santo, que mais tarde receberia o apelido de Conexões Quilombolas, um projeto que nascia no Incaper, fruto de um importante investimento do governo do estado, por meio da SEAG, em parceria com a Fapes. Hoje temos uma publicação histórica e que valoriza as comunidades”.
O diretor-presidente do Incaper, Alessandro Broedel, destaca a importância dessa parceria entre SESM e Incaper para o desenvolvimento de um projeto tão importante para o Espírito Santo. “Nosso papel enquanto instituição é contribuir para que essas comunidades tenham acesso a oportunidades, respeito aos seus direitos e condições para desenvolver todo o seu potencial, sem perder sua identidade e riqueza cultural. Ao fortalecer as comunidades quilombolas, fortalecemos a diversidade e a justiça social”.
O que revela o livro
O projeto Conexões Quilombolas percorreu oito comunidades, registrando suas práticas produtivas, tradições culturais, festas religiosas e demandas sociais. O material é resultado de um processo participativo, que envolveu pesquisadores, extensionistas e os próprios moradores.
Segundo a coordenadora do projeto, Jaqueline Sanz, o livro é singelo, mas robusto: ele reúne imagens e memórias que expressam a beleza, a força e a resistência das comunidades quilombolas. “Traz retratos vivos de sua produção, da arte, da ancestralidade e das tecnologias tradicionais que dialogam com inovações. Foi feito a muitas mãos, em um processo profundamente participativo, e deixa um legado de autonomia e protagonismo para cada quilombo envolvido”.
A pesquisadora e extensionista Ana Paula Pereira de Castro reforça: “O projeto criou uma rede de apoio que nos permitiu compartilhar experiências e tornar as entregas mais efetivas. Ganhamos enquanto sociedade, pois ampliar o reconhecimento da diversidade é também ampliar o respeito”.
Já Ingrith Atanazio Emílio, bolsista e quilombola de Santa Luzia, no município de Montanha, lembra: “O Conexões fez com que nossa história chegasse a todo o Estado, nos despertando para a importância de manter viva a luta e a memória das comunidades. Nossa vida, nossa luta e nossa cultura importam”.
Uma forma de preservar a identidade dos territórios, assim traduz uma das matriarcas da comunidade quilombola do Córrego do Sossego, de Guaçuí, Maria Helena de Oliveira, a Dona Lena, que promete ser uma das que vai estar na plateia participando do lançamento do livro nesta sexta-feira. “A importância do Conexões Quilombolas para nós é muito grande, porque é um caminho de valorização e conhecimento dos territórios quilombolas, é uma maneira de expor nosso viver, é o reconhecimento do nosso trabalho e da nossa cultura. Uma forma de não deixar morrer nossas raízes com os mais novos”, destacou.
O livro “Conexões Quilombolas: Imagens e Memórias” estará disponível para acesso durante o seminário e representa um marco para a valorização das comunidades quilombolas do Espírito Santo, sua memória, resistência e futuro.
Destaques das comunidades pesquisadas
Santa Luzia (Montanha): Produção artesanal de farinha, beiju e azeite de dendê; práticas agroecológicas; forte atuação das matriarcas; demanda por infraestrutura e fortalecimento da associação.
Angelim 1 (Conceição da Barra): Casas de farinha como símbolo identitário; produção de beiju e azeite de dendê; retomada de território para roças; forte atuação de lideranças tradicionais, como Dona Dentina.
Linharinho (Conceição da Barra): Luta histórica pela titulação do território (conquista da portaria em 2024); tradição do jongo e da mesa de Santa Bárbara; produção de dendê pelas “Senhoras do Dendê”.
Córrego do Alexandre (Conceição da Barra): Fortes tradições de Ticumbi e Jongo; pesca artesanal e mariscagem no Rio Cricaré; produção de azeite de dendê e artesanato; demanda por titulação e recuperação ambiental.
São Pedro (Ibiraçu): Primeiro quilombo titulado do ES; protagonismo das mulheres; Padaria Quilombola como símbolo de emancipação; festas religiosas e banda de Congo.
Vargem Alegre (Cachoeiro de Itapemirim): Festejos do Raiar da Liberdade e manifestações de Caxambu; resistência na manutenção do território e das tradições culturais; forte presença feminina na transmissão de saberes.
Monte Alegre (Cachoeiro de Itapemirim): Uma das maiores comunidades; tradição do Caxambu Santa Cruz; Folias de Reis e charolas; produção agrícola diversificada e agroecológica; demandas por infraestrutura e lazer.
Córrego do Sossego (Guaçuí): Festa do 13 de Maio como expressão máxima da resistência; produção de café, farinha e pães; religiosidade e cozinha tradicional; roda de capoeira no Raiar da Liberdade.
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