Mais de 100 pessoas incluindo produtores de abacaxi, pecuaristas e técnicos do Sul do Espírito Santo e Norte do Rio de Janeiro, participaram do Dia especial sobre Silagem do Abacaxizeiro para Bovinos. O evento foi realizado em Presidente Kennedy pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em parceria com diversas instituições.
Na ocasião, a silagem do abacaxizeiro foi apresentada como opção para diversificação de renda dos abacaxicultores e uma oportunidade para redução dos custos com a alimentação do gado nos períodos de estiagem prolongada. Após a colheita dos frutos para o consumo humano e das mudas para a formação de novas lavouras, as plantas de abacaxi permanecem no campo e são consideradas resíduos agrícolas. Este resíduo pode ser colhido, triturado e acondicionado em silos, para utilização na alimentação dos bovinos.
“O uso da silagem do abacaxizeiro é comum em outras regiões do Brasil, mas no Espírito Santo, até então vem sendo pouco utilizado e os produtores rurais careciam de informações sobre este alimento. Segundo dados do IBGE o Sul do Espírito Santo possui 2.364 hectares cultivados com abacaxi, nos municípios de Marataízes, Presidente Kennedy e Itapemirim. Se considerarmos que cada hectare de resíduo disponibiliza cerca de 75 toneladas de massa verde, esta região tem potencial para produção de 177.300 toneladas de silagem, o que alimentaria mais de 23.600 vacas durante 150 dias de estiagem”, disse Luiz Carlos Santos Caetano, pesquisador em fruticultura do Incaper.
O pesquisador acrescentou também que é recomendada a ensilagem de lavouras sadias, que foram conduzidas com boas práticas agrícolas e disse ainda, que mesmo com a colheita mecanizada das plantas, ainda ficam no campo boa parte dos caules para serem incorporados ao solo, como fonte de matéria orgânica.
Segundo o zootecnista do Incaper, Bernardo Lima Bento de Mello que estudou a silagem do abacaxizeiro durante o seu doutoramento, o resíduo possui teores de proteína bruta semelhantes aos da silagem de milho e os teores energéticos são um pouco inferiores, mas o abacaxizeiro ensilado possui fibra de boa qualidade e é bem aceito pelos bovinos.
“Para vacas leiteiras a silagem do abacaxizeiro é uma alternativa interessante se ela custar até 70% do preço da silagem de milho, considerando também os custos com a colheita das plantas e o frete. Sugerimos uma complementação à base de fubá de milho e farelo de soja fornecida no cocho, para os animais. Esta opção de silagem se mostra interessante não só para pecuaristas dos municípios produtores de abacaxi, mas também para a região, em um raio de 100 a 150 km das lavouras de abacaxi. Existem algumas peculiaridades no processo de colheita mecanizada e ensilagem, que superamos com a regulagem de uma colhedeira de forragem e a adequada compactação e vedação dos silos, pois o resíduo possui maior teor de umidade. Podem ser utilizados silos de superfície, mas os mais recomendados são os em trincheiras, que facilitam a compactação. Após fechados os silos podem ser abertos a partir de 30 dias e podem ser estocados por até dois anos nas propriedades”, acrescentou Bernardo.
A realização do dia especial é uma ação do Projeto Bovinocultura Sustentável e foi possível mediante ao apoio da Prefeitura de Presidente Kennedy, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), da Associação Capixaba dos Criadores de Nelore e do Grupo Matsuda; e ao patrocínio da Cooperativa Agrária Mista de Castelo (CACAL), da Fertilizantes Heringer e da MMJ Tratores e Implementos Agrícolas.
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