Trinta e cinco agricultores e técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), prioritariamente da região noroeste do Estado – área de abrangência do Projeto Biomas – participaram de um curso sobre Manejo de Sistemas Agroflorestais, na Fazenda Jaguaquara, Ouro Fino, Bahia, na propriedade do engenheiro agrônomo Henrique Souza. O evento ocorreu de 6 e 9 de novembro.
Segundo a extensionista do Incaper Maria da Penha Padovan, coordenadora do subprojeto de SAF’s do Projeto Biomas, Henrique Souza é pioneiro em pesquisas e extensão de sistemas agroflorestais sucessionais em vários biomas e estados do Brasil, assim como em outros países. Ele desenvolve campos experimentais de agricultura sintrópica em sua fazenda desde 1999.
“Desenvolver essa capacitação em SAF na Fazenda Ouro Fino é dar continuidade às atividades já desenvolvidas em parceria com Henrique Souza no período de 2004 a 2010 por meio do Projeto Corredores Ecológicos, quando foram ministrados diversos cursos, visitas técnicas e realizados seminários regionais visando promover a adoção de SAF no Estado. A Fazenda Ouro Fino e as experiências desenvolvidas na implantação do Corredor Central da Mata Atlântica – CCMA e na caatinga da Bahia são referências exitosas de recuperação da cobertura vegetal e produção agrícola sustentável”, afirmou a extensionista.
Segundo Maria da Penha, o curso demonstrou que sistemas diversificados são mais resilientes em caso de eventos climáticos extremos. Ficou comprovada a importância da cobertura do solo e a necessidade de produção de biomassa no próprio sistema.
“O curso demonstrou também que a presença de árvores nos sistemas agrícolas melhora o ambiente e contribui para melhorar as condições do solo e a conservação de água. As raízes das árvores ajudam a quebrar as camadas duras do solo e facilita a infiltração de água no terreno diminuindo a erosão. A sombra das árvores diminui a perda de água por evaporação do solo e as folhas e galhos que caem são incorporados no solo e aumentam a matéria orgânica e a vida do solo”.
O agricultor Venâncio de Paulo Claudino, de Jaguaré, contou que gostou de aprender sobre o manejo de SAF’s. “Nunca tinha feito esse tipo de manejo na minha propriedade e agora poderei colocar em prática. Para mim, as técnicas aprendidas representaram uma economia de trabalho e mão de obra”, disse o produtor, que possui plantios de café, pimenta, banana e hortaliças.
Capacitação
Segundo Fabiana Gomes Ruas, coordenadora do Projeto Biomas Mata Atlântica e extensionista do Incaper, esse curso faz parte de uma capacitação do Projeto, que está sendo realizada em módulos visando facilitar a participação dos agricultores. Estão previstos quatro módulos, sendo que o primeiro foi realizado na Reserva da Vale, nos dias 10 a 11 de outubro e o segundo módulo de 7 a 9 de novembro, na Fazenda Ouro Fino, em Jaguaquara, Bahia.
“No primeiro módulo foi dada ênfase aos princípios básicos do sistema agroflorestal multiestratificado e diversificado, cujo desenho em base sucessional imita os processos ecológicos naturais. Esse sistema, também conhecido como Agricultura Sintrópica, vem sendo promovido nos últimos anos no Brasil especialmente pelo suíço Ernst Götsch e pelo baiano Henrique Souza”.
O segundo módulo do curso teve foco no manejo de sistemas agroflorestais e os participantes puderam observar in locu os resultados que vêm sendo obtidos no manejo da Fazenda Ouro Fino. Foram desenvolvidas também atividades práticas de desenho e implantação de SAF. Foi apresentado o processamento dos produtos gerados no sistema.
O terceiro módulo está previsto para fevereiro de 2018, quando será abordado o balanço financeiro de SAF com a participação de Marcelo Arcoverde, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), referência na avaliação econômica de sistemas de produção diversificados. O quarto módulo prevê a implantação de unidades demonstrativas para ampliar a implantação de SAF nas diversas propriedades rurais do Estado.
Biomas
O Projeto Biomas é coordenado nacionalmente pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Embrapa Florestas, apoiado pelo BNDES, e tem por objetivo viabilizar soluções que promovam a inserção de árvores nas propriedades rurais.
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Texto: Luciana Silvestre Girelli
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