A Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a OCB-ES vão fazer o levantamento do estoque de café Conilon do Espírito Santo para apontar qual é a produção capixaba disponível para o mercado. O objetivo é colaborar com a pesquisa que será feita pelo Governo Federal, juntamente com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), antes de decidir pela importação do produto do Vietnã.
Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, a intenção é entregar o documento ao Governo Federal até o dia 10 de janeiro, antes do prazo de 30 dias estabelecido pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para decidir pela liberação ou não da importação do café robusta. O Governo do Espírito Santo já se manifestou contrário à importação.
Maggi suspendeu por 30 dias a decisão de importação do café robusta do Vietnã para que a Conab faça o levantamento do estoque para verificar a necessidade da compra do produto de outros países.
“Vamos levantar junto aos produtores, cooperativas, comerciantes regionais, exportadores e indústrias todo o estoque que temos para apresentar o real número ao ministério. E vamos mostrar que não há necessidade de importação porque há estoque disponível”, disse Octaciano Neto.
Octaciano destacou que os produtores capixabas enfrentam sérias dificuldades em decorrência da pior seca dos últimos oitenta anos que atinge o Estado e que, nos últimos três anos, agravou os impactos sobre a produção e acarretou queda significativa nos resultados. Além disso, apontou risco fitossanitário com possíveis pragas que podem ser trazidas para o país juntamente com o grão verde.
“O Governo do Espírito Santo é contra a importação. A seca fez com que o custo aumentasse e a produção caísse. A safra deste ano deverá fechar em 5,3 milhões de sacas contra 7,7 milhões em 2015. Além disso, por conta da lei trabalhista, fiscal e ambiental do Brasil, é mais caro produzir aqui do que em outros países, como no Vietnã. Essa importação, se autorizada, vai representar a queda no valor do produto e atingir diretamente nossos produtores que tiveram um ano muito difícil”, acrescentou o secretário de Agricultura do Espírito Santo.
O presidente da OCB-ES, Esthério Sebastião Colnago, afirmou que o levantamento feito em conjunto pelas cooperativas, Seag e Incaper vai mostrar o número próximo da realidade do Estado. “Pelas cooperativas passam cerca de 20% do café produzido no Espírito Santo. E nós, juntamente com o Incaper, que possui técnicos no campo, e a Secretaria da Agricultura, que estamos mais próximos dos produtores, conhecemos a realidade. A importação do Conilon representa um risco muito grande para os nossos cafeicultores”, avaliou Esthério.
O Espírito Santo é responsável por 78% da produção nacional do café Conilon e é a principal atividade de renda de 80% das propriedades rurais capixabas localizadas em terras quentes. Além disso, representa 35% do Produto Interno Bruto (PIB) Agrícola do Estado e gera em torno 400 mil empregos direitos e indiretos.
Câmara setorial
Outra medida que o Governo do Estado está adotando é a reativação da Câmara Setorial do Café, que estava desativada desde 2004. Mais de 30 entidades, associações, cooperativas e sindicatos serão convidados a participar do colegiado. A primeira reunião está prevista para a primeira quinzena de janeiro, que terá como tema de abertura do trabalho a proposta de importação do robusta pelo governo brasileiro. O objetivo é criar um fórum permanente para debater o setor do café, discutindo os problemas, desafios, novas tecnologias e a busca de soluções.
Além disso, na próxima segunda-feira (19), o secretário Octaciano Neto, juntamente com o deputado federal Evair de Melo, o presidente da OAB-ES, Esthério Sebastião Colnago, e o representante da Federação da Agricultura do Espírito Santo participarão de reunião em Varginha (MG) para debater o assunto com os produtores e ressaltar a importância do assunto para os capixabas.
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