No município de Barra de São Francisco (ES), a família Saar tem diversificado sua produção, por meio de práticas agroecológicas. Com a orientação do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a conservação da água e do solo é incentivada na propriedade, o que tem gerado benefícios para toda a comunidade, no entorno onde vivem.
O agricultor Tiago Saar de Andrade trabalha em sua propriedade em conjunto com sua esposa e seus pais. Atualmente, sua renda é gerada pelo cultivo do café e também da comercialização de produtos na feira do município. “Eu gosto de trabalhar com café. Foi com essa atividade que meu avô criou meu pai, que ele me criou e que eu crio meus filhos. Porém, só o café não dá, pois é uma renda que obtemos apenas uma vez por ano. Por isso, temos as outras rendas que entram toda semana com a comercialização dos produtos na feira”, contou Tiago.
O agricultor falou que sua família faz feira no município há muitos anos. Porém, não havia uma área específica da propriedade para diversificar a produção. “A nossa renda vem das pequenas coisas, como melancia, feijão, milho verde e agora estamos com o plantio de inhame em uma área específica. É a forma que encontramos para diversificar a renda familiar. Esse plantio não tem quase nada de químico. Para controlar pragas e doenças em culturas de ciclo rápido não usamos nada de veneno. A gente não quer usar, até por fazer parte do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA)”, explicou Tiago.
Agregação de valor
A família Saar participa de duas feiras durante a semana, às quartas-feiras e no sábado. São as mulheres da família que organizam os produtos para serem comercializados. “Um dia antes de cada feira, embalamos todos os produtos. Fazemos também doces em compota e em calda de mamão, figo, banana e doces em pedaço, como doce de leite, coco, amendoim com melado, além de broa de melado, broti e pão caseiro”, falou Fernanda Demétrio de Souza Andrade, esposa de Tiago. Segundo Fernanda, seu sonho é concluir o projeto da agroindústria, uma vez que os doces e panificados ainda são feitos na cozinha de casa.
Ater Sustentabilidade
Segundo o extensionista João Marcos Martins Cardoso, o trabalho do Instituto na propriedade da família Saar e na vizinhança teve início em 2012, por meio do Projeto Ater Sustentabilidade, iniciativa da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), executada pelo Incaper.
“Esse projeto preconiza a sustentabilidade da propriedade rural. A família Saar foi uma das selecionadas e é acompanhada há quatro anos pelo Incaper. Os principais pontos trabalhados com essa família foram a redução do uso de agrotóxicos, priorizando cultivos agroecológicos e a preservação de recursos naturais”, explicou João Marcos.
Segundo ele, essa propriedade já tinha um trabalho de conservação ambiental e já é uma referência para vizinhos e famílias que também participam desse projeto. “A forma de trabalho que essa propriedade vem desenvolvendo é baseada em boas práticas agrícolas e diversificação de culturas. Eles melhoraram a produtividade e muitos produtos colhidos são utilizados na agroindústria e comercializados nas feiras livres”, disse o extensionista.
Ele também informou que essa família participou de cursos de formação em parceria com outras instituições, como o curso de preparação de alimentos.
Práticas conservacionistas
Um dos diferenciais da propriedade da família Saad é a conservação da água pela utilização de caixas secas. “A nossa propriedade é rodeada por rochas e toda vez que chovia não se aproveitava nada dessa água. Com recurso próprio, fizemos seis caixas secas. Hoje, toda chuva que cai na propriedade não faz estrago e ainda aumenta o lençol freático. Estamos acumulando 5 milhões de litros de água, que retorna para a propriedade por meio da irrigação. Nos últimos três anos, mesmo com o déficit hídrico, não tivemos problemas”, falou Tiago.
Conforme o extensionista Alexandre Mendonça, na propriedade da família Saar, há vários anos, busca-se a sustentabilidade por meio da inserção de práticas agroecológicas. “Essas práticas iniciaram-se pelo armazenamento da água, o que permitiu a continuidade do trabalho com café, que faz parte das diversas gerações da família de Tiago. Além disso, trabalharam para diversificação de culturas, incluindo a cana-de-açúcar, o mamão e a banana. Outras práticas conservacionistas adotadas são a economia de água no sistema de irrigação; a utilização da roçadeira ao invés de herbicidas, garantindo a cobertura morta sobre o solo; a manutenção da vegetação viva, que cobre o solo, para que os animais considerados como pragas tenham do que se alimentar. Isso tudo diminui o uso de produtos químicos”, explicou Alexandre.
O extensionista Alexandre Mendonça afirmou que a família Saar consegue enxergar a propriedade como um todo e não como áreas isoladas. “As práticas conservacionistas consistem em um conjunto que integra um sistema maior. Para haver sustentabilidade, tem que executá-las de forma eficiente. A propriedade não é universo isolado. Esse é o melhor caminho que o produtor pode seguir”, concluiu.
Para conhecer mais a história dessa família, acesse o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=y92z37cL_7U
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