As tecnologias para produção de mudas de café conilon foram abordadas durante o “1º Seminário de Café Conilon Leste e Nordeste de Minas”, realizado nessa quinta-feira (15), no município de Água Boa, em Minas Gerais. O evento contou com o apoio e a apresentação de trabalhos dos pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

“Para a formação de lavouras de café conilon com alta produtividade e com um produto final de qualidade diferenciada, é importante integrar ao processo produtivo um conjunto de tecnologias geradas e disponibilizadas pela pesquisa”, disse a pesquisadora e doutora em produção vegetal, Sheila Cristina Prucoli Posse.

Ela explicou que o sucesso de uma boa lavoura começa com uma muda de boa qualidade. “Mas, para isso, o viveirista, os viveiros e a cultivar devem estar devidamente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, (Mapa) e, com o auxílio da assistência técnica na propriedade, o produtor deve monitorar as mudas quanto a idades, doenças, raízes, vigor, substrato e aclimatação”, afirmou.

A pesquisadora abordou as etapas para a obtenção de mudas clonais e seminais e as suas características. Plantio e monitoramento das matrizes das mudas, boa adubação e calagem, análise de solo, técnicas de irrigação, técnicas de desbrota e retirada dos brotos, nutrição das plantas, controle fitossanitário, aclimatação e etapas de implantação para tipos variados de viveiros e canteiros, fizeram parte de toda a apresentação.

Um dos destaques foi o “Jardim Clonal Superadensado”, tecnologia lançada pelo Incaper há pouco mais de dois anos. “Implantado próximo ao viveiro, a tecnologia visa a reduzir custos com transporte e movimentação de pessoal e do material a ser propagado, com um maior aproveitamento vegetativo. É uma prática que antecipa a transferência de tecnologia ao produtor. As matrizes permitem a retirada dos brotos aos sete meses, enquanto no sistema tradicional a primeira retirada só é possível aos 24 meses”, pontuou Sheila Posse.

Segundo a pesquisadora, para a produção de mudas de café a partir de sementes, recomenda-se que a semeadura seja feita diretamente nos recipientes, para se evitar o comprometimento do sistema radicular. Ela também recomendou que o produtor utilize semente de cultivares registrada no Mapa e selecionadas de acordo com as recomendações técnicas no campo.

Como exemplo, ela apresentou a nova cultivar melhorada de café conilon propagada por semente, ‘Conquista ES8152’, lançada este ano pelo Incaper. “É uma semente que já tem qualidade superior de bebida, com acima de 80 pontos. A 'Conquista' agrega produtividade, tem ampla base genética, podendo suportar as altas temperaturas e a insolação. Além disso, ela tem alta rusticidade e tolerância à seca, além de apresentar moderada resistência à ferrugem, que é a principal doença do café. O preço da muda é inferior a 50% ao da muda clonal e apresenta alta produtividade, que já chegou em até 74 sacas por hectare”, reforçou.

Durante o evento, que é considerado o maior do estado de Minas de Gerais quando se fala em tecnologias para o café conilon, outros temas foram apresentados pelo Espírito Santo. Mais informações sobre as altas produtividades sustentáveis com qualidade em Café Conilon e os desafios para o manejo e produção, foram explanadas pelo pesquisador do Incaper, Paulo Sérgio Volpi e o coordenador de cafeicultura do Instituto, Abraão Carlos Verdin Filho.

Verdin apresentou as tecnologias geradas pelo Incaper nos últimos anos em café conilon e difundidas na cafeicultura capixaba. Os temas foram intensamente debatidos com o público, com interação diretas dos produtores.

“O interesse em desenvolver a cafeicultura de conilon aqui na região é muito alta e o município de Águia Boa tem potencial no desenvolvimento da cultura do café conilon devido à topografia, ao clima e aos solos de boa qualidade. Cada dia que passa, o conceito de sustentabilidade se fortalece, não só no Brasil, como em grande parte do mundo. Por este motivo, basta o produtor avaliar e investir nas tecnologias recomendadas pelo Incaper, levando em conta os aspectos sociais, ambientais e econômicos. Cafés sustentáveis podem alcançar preços mais elevados e remunerar melhor os produtores e toda cadeia, diferenciados por seu valor e qualidade.”

“A ideia é que, diante dos desafios, os produtores busquem adotar práticas adequadas para uma produção agrícola sustentável, contribuindo para uma maior rentabilidade e qualidade na atividade produtiva, inclusão social e respeito ao meio ambiente”, lembrou Paulo Volpi.

Durante o evento, exemplares da 2ª edição do livro “Café Conilon” foram entregues a representantes da Emater-MG e produtores. O livro é um acervo de conhecimentos científicos, tecnologias e experiências oriundos de mais de 30 anos de pesquisas desenvolvidas, sobretudo, no Espírito Santo e no Brasil. A publicação, com 30 capítulos, é constituída por 974 páginas, apresenta quatro mil trabalhos científicos e mais de mil literaturas citadas. Tudo isso, com a participação de mais de 70 instituições.

O evento recebeu um público superior a 450 inscritos. Na ocasião também foi comemorado o “I Encontro de Conilon de Água Boa”, que recebeu produtores de toda a região de abrangência, extensionistas da Emater-MG e pesquisadores da Epamig-MG.

Texto: Tatiana Toniato Caus

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