Caciques de aldeias das etnias Guarani e Tupiniquim de Aracruz se reuniram virtualmente com a diretoria do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), na tarde dessa quarta-feira (02). A recomposição de variedades de sementes de milho nas aldeias foi o tema principal da conversa. Também foi discutido um projeto de criação de alevinos nas comunidades indígenas.

Participaram do encontro on-line o diretor-presidente do Incaper, Antônio Machado; a diretora técnica Sheila Posse; e a gerente de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do Instituto, Jaqueline Sanz. A reunião também contou com a participação dos representantes da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag); da Superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) de Aracruz; e dos caciques de aldeias das etnias Guarani e Tupiniquim do município.

Durante a reunião, foi acordado que a distribuição das sementes e o projeto de criação de alevinos terão as ações discutidas amplamente na próxima semana, em reunião com as lideranças indígenas e representantes do ELDR de Aracruz. É previsto que parte da distribuição das variedades de sementes de milho seja realizada ainda este ano.

Na ocasião, o diretor-presidente do Incaper, Antônio Machado, anunciou também a distribuição de sementes do café Conilon Conquista, com capacidade de produção de 35 mil mudas de café. A cultivar Conquista se adapta aos ambientes quentes, suporta altas temperaturas e insolação. A planta é vigorosa, mais tolerante à seca e apresenta moderada resistência à ferrugem, principal doença do café.

Para Antônio Machado, a distribuição das sementes é uma maneira de estreitar o relacionamento do governo com os indígenas. "Com esse diálogo direto conhecemos as necessidades para da agricultura nas terras indígenas com todo suporte que o Instituto tem a oferecer. Ao longo dos 60 anos do Incaper, os servidores sempre tiveram muita boa vontade de atender os povos indígenas e continuaremos assim", frisou.

Sementes para segurança alimentar nas aldeias

A distribuição das sementes é resultado de uma solicitação dos indígenas devido à perda de variedades ao longo dos últimos anos de seca no Estado. O coordenador geral da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas no Nordeste de Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Paulo Henrique Vicente Oliveira (índio Pyatã), destacou a distribuição das sementes para as aldeias como uma garantia de maior autonomia de produção de alimentos para a segurança alimentar e nutricional das famílias. 

A diretora técnica do Incaper, Sheila Posse, ressaltou a importância do auxílio na recomposição de sementes nas aldeias. "É uma forma de colaborar com a manutenção da biodiversidade genética que os povos indígenas preservam por gerações, mas devido às condições de seca que o Estado sofreu nos últimos anos, muitas comunidades indígenas acabaram perdendo essas sementes que são essenciais. Agora estamos promovendo essa ação para a recuperação das sementes”.

O atendimento às demandas dos povos indígenas é essencial para a gerente de Ater do Incaper, Jaqueline Sanz. "Nossos esforços são para promover, em conjunto com as comunidades indígenas, soluções que levem em conta suas demandas e suas tradições. Fortalecer o trabalho com essas comunidades é gratificante e faz parte da missão e compromisso do Incaper". 

Outra discussão central da reunião foi o projeto de criação de alevinos nas aldeias. Para o cacique Jocksley Ramos, "a criação de peixe em territórios indígenas é muito relevante e todas as comunidades almejam".

Texto: Andreia Ferreira

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