09/02/2024 13h32 - Atualizado em 15/02/2024 15h31

Irrigação: estratégias para uso racional de água na agricultura

Foto: Arquivo Incaper
Pesquisador do Incaper apresenta alternativas para reduzir o consumo de água sem causar estresse hídrico nas plantas

O Estado de Alerta sobre a situação hídrica no Espírito Santo foi revogado na última semana, após regularização das vazões dos rios de domínio do Estado. Ainda assim, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) recomenda que medidas voltadas ao uso racional da água continuem sendo adotadas. 

Na agricultura, há técnicas e estratégias eficientes para reduzir o consumo de água na irrigação, sem deixar de atender às necessidades hídricas das culturas.

“É importante buscar métodos que permitam o uso mais consciente da água, reduzindo as perdas e visando retê-la o maior tempo possível na área agrícola”, salienta o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Claudinei Montebeller.

De acordo com o pesquisador, existem várias alternativas ao alcance dos produtores rurais, desde as mais simples até as mais complexas, algumas de menor custo e outras mais onerosas. Ele enumerou algumas delas. Confira:

Monitoramento do clima
Usar pluviômetros para monitoramento do volume de chuva na região, evitando-se irrigar sem necessidade evidente. Utilizar softwares e aplicativos para obter informações e previsões de chuva em tempo real, evitando-se irrigar ao mesmo tempo da ocorrência das precipitações.

Uso de sistemas de irrigação localizada
Utilizar sistemas de irrigação mais eficientes (maior que 90%), como gotejamento ou microaspersão, que direcionam a água diretamente para as raízes das plantas, reduzindo as perdas por evaporação e percolação.

Manutenção dos sistemas de irrigação
Limpeza de bicos, filtros e avaliação de rendimento do conjunto moto-bomba. Verificar vazamentos e entupimentos, substituindo peças danificadas para evitar desperdícios.

Manejo da irrigação
Definir a quantidade e o momento correto para aplicação. Estabelecer horários de irrigação durante os períodos mais frescos do dia para minimizar a evaporação, como nas primeiras horas da manhã ou à noite. Evitar irrigação em horários com alta incidência de ventos para reduzir as perdas por deriva e evaporação.

Monitoramento da umidade do solo
Utilizar sensores de umidade para monitorar a umidade superficial e subsuperficial do solo, e programar a irrigação apenas quando necessário, evitando excessos e aplicações desnecessárias.

Caso seja possível, realizar o uso múltiplo das águas, sendo este mais comum em áreas urbanas.

Plantio de espécies tolerantes à seca
Selecionar variedades e clones adaptados ao clima local e mais resistentes à seca, reduzindo a necessidade de irrigação constante.

Coberturas do solo
Usar palha, mulch ou plantas de cobertura, visando reduzir a evaporação, manter a umidade e proteger as raízes das plantas. Algumas culturas se adaptam a sistemas de sombreamento, como a cabruca, no caso do cacau, o que reduz as perdas por evaporação quando comparado ao sistema tradicional.

Planejamento de cultivo
Escolher as áreas que apresentam solos com maior capacidade de retenção de água, e, associado a isso, utilizar adubação com a incorporação de matéria orgânica, o que potencializa sua capacidade.

No caso de culturas anuais, a estratégia é buscar os períodos de cultivo mais favoráveis no período chuvoso, como também aqueles denominados janelas, os que permitem o cultivo da safrinha, escapando do período de veranico.

Planejamento da área irrigada
Avaliar a real necessidade de irrigar toda a área, priorizando os pontos de carência, concentrando os esforços nas áreas mais críticas. 

Estratégias para armazenamento
Construção de barragens e reservatórios para o uso em períodos de escassez, e implementação de sistemas de captação e acúmulo de água da chuva (caixas secas e barraginhas), os quais permitem a redução do processo erosivo e contribuem para elevação do nível do lençol freático, aumentando o aporte de água juntos aos mananciais, aliviando a dependência de fontes tradicionais. 

 Texto: Felipe Ribeiro

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