A receita para a fabricação de um chocolate de qualidade começa com a boa produção da matéria-prima, o cacau. Por isso, a palestra de abertura do I Festival de Cacau e do Chocolate – que começou nesta sexta-feira (2), em Pedra Azul – abordou os aspectos gerais sobre o cultivo do cacaueiro. O evento segue até domingo (04).
De acordo com o diretor técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Mauro Rossoni Júnior, o festival é resultado da articulação do setor cacaueiro tendo em vista a crescente demanda do mercado por um chocolate de qualidade. “Buscamos fortalecer a organização deste setor traçando um modelo de produção em cacauicultura de qualidade”, destacou Mauro.
Para abordar os aspectos gerais sobre o cultivo do cacaueiro, foi proferida uma palestra pelo extensionista do Incaper e coordenador do Comitê de Cacau Sustentável, Lucas Calazans Santos. Ele destacou que o cacau tem um forte cunho de preservação ambiental além da rentabilidade financeira. “O cacau é nativo da Amazônia e costuma ficar sob a mata. Por isso, em diversas áreas do país, onde há cacau, há também mata preservada”.
Lucas apresentou as melhores condições de clima e temperatura para a produção do cacau. Disse que a cultura não se desenvolve bem em grandes amplitudes térmicas, sendo locais com temperaturas constantes as melhores localidades para o plantio. “Apesar de ser uma cultura tolerante à seca, ela demanda bastante por água. Por isso, recomendamos a utilização de equipamentos para o monitoramento e controle da irrigação, tendo em vista o déficit hídrico e a má distribuição das chuvas ao longo do ano”.
Outra recomendação apresentada por Lucas foi a utilização de quebra ventos para evitar danos à planta por meio da entrada de patógenos que provocam doenças. Também destacou a importância da análise do solo e análise foliar, e apresentou orientações sobre a poda do cacaueiro. “É preciso aproveitar o máximo de luz para o bom desenvolvimento da planta. Por isso, a poda precisa facilitar o manejo, controlar a altura da planta e promover o suporte da carga dos frutos”, orientou o extensionista.
Sistemas de cultivo de cacau
Durante a palestra, foram apresentados pelo pesquisador da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Carlos Alberto Spaggiari Souza, os sistemas de cultivo de cacau no Espírito Santo: o cabruca (cacau na mata nativa), os Sistemas Agroflorestais (Saf’s) e a pleno sol (monocultivo). Ele explicou as características e vantagens de cada um dos sistemas.
“O cabruca é um sistema que possibilita a convivência da planta com áreas de proteção ambiental. O Saf proporciona o convívio com outras plantas, como as frutíferas em geral, o que gera uma renda dupla, pois há mais de uma planta no mesmo espaço. Já o pleno sol é o cacau em monocultivo. É de alta produtividade, mas muito suscetível à proliferação de pragas e doenças”, falou Spaggiari.
Ele também explicou sobre as principais doenças que atingem o cacaueiro, como a vassoura de bruxa, e orientou o manejo integrado como forma de controle.
Desafios do aproveitamento do fruto
De acordo com o pesquisador da Ceplac, atualmente, em torno de 8 a 10% do fruto do cacau é aproveitado. Trata-se da amêndoa para a produção de chocolate. “Há muitas partes do cacau que também podem ser aproveitadas. É um desafio fazer o melhor aproveitamento deste fruto, pois muitas partes, como a casca, são descartadas”, comentou Spaggiari.
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