Dia 08 de março é o Dia Internacional da Mulher. E, para abrilhantar ainda mais a data, um projeto inédito vai contemplar todo o Espírito Santo com ações de agregação de valor à produção cafeeira e enfoque na valorização do trabalho feminino na cafeicultura capixaba.
Trata-se do projeto “Mulheres do café: igualdade de gênero e agregação de valor na cafeicultura capixaba”, pertencente ao INOVAGRO, com apoio da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e coordenado pela extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Patrícia Morais da Matta Campbell.
O projeto terá início em meados de abril e sua meta é atender, durante dois anos consecutivos, pelo menos 1000 cafeicultoras capixabas. Durante esse período serão executadas diversas ações tais como realizar o levantamento do perfil socioeconômico e produtivo das cafeicultoras, criar roteiros turísticos, criar e divulgar um portfólio dos cafés especiais produzidos por mulheres; realizar o primeiro concurso Estadual de cafés especiais para mulheres; estruturar uma unidade móvel, que servirá de apoio a eventos em todo Estado, oferecendo cursos, degustações, recebendo amostras, expondo cafés, além de servir como espaço para oficinas voltadas para as cafeicultoras; realizar visitas técnicas, intercâmbio de experiências, cursos de desenvolvimento pessoal para as cafeicultoras e incentivar a criação de associações para as mesmas.
Também estão entre as ações previstas, capacitações sobre empreendedorismo, mercado, turismo rural e técnicas de produção, análise física e sensorial para mulheres e a divulgação dos cafés femininos do Estado, em eventos estaduais e nacionais. Por fim, haverá inserção das mulheres no Projeto Cafeicultura Sustentável e prestação dos serviços de ATER continuado para aquelas essas cafeicultoras e também para as que desejam dar início a atividade.
A extensionista do Incaper explicou que a ideia surgiu da necessidade de dar ainda mais visibilidade ao trabalho que tantas mulheres desempenham na cafeicultura.
“O café é a principal cultura produzida no Espírito Santo e as mulheres muitas vezes são protagonistas nessa cadeia produtiva. Além disso, gostaríamos de dar oportunidade a todas aquelas que desejam ingressar no segmento de cafés especiais, oferecendo desde apoio emocional até treinamentos técnicos e específicos dentro do universo dos cafés de qualidade”, salientou Patrícia da Matta.
De acordo com o Censo Agropecuário (2017) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Espírito Santo tem 108.014 estabelecimentos agropecuários, dos quais, 14.661 são dirigidos exclusivamente por mulheres.
Segundo informações coletadas no Sistema Informatizado de Ater (Siater) do Incaper, nos últimos três anos, foram realizados 17.457 atendimentos feitos pelo Incaper em cafeicultura e destes, apenas 4.203 foram para as mulheres.
De acordo com Patrícia da Matta, a proposta do “Mulheres do Café” torna-se, além de inédita, um ato de resistência.
“As mulheres trabalham ativamente na cultura em grande parte das propriedades, entretanto, os serviços de assistência técnica e extensão rural, ainda são prestados principalmente por homens e para homens. A prática de ATER voltada para igualdade de gênero associada à um projeto específico com as mulheres cafeicultoras, traz resultados com impactos sociais, econômicos e ambientais, que possibilitarão a validação do método e a expansão da prática, contribuindo para romper com o paradigma da divisão sexual do trabalho enraizado na atuação extensionista tradicional”, frisou.
Patrícia da Matta lembrou que o “Mulheres do Café” é um novo caminho, que busca tornar, enfim, o Espírito Santo referência nacional também em Ater para mulheres.
“Por uma ATER baseada em orientações de igualdade de gênero, mantendo-nos na vanguarda do serviço público de Ater com qualidade, o qual já somos referência. Todos os dias também são nossos. Feliz dia para nós, mulheres!”, pontuou.
Texto: Tatiana Toniato Caus
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