Fertilizantes usados na agricultura têm como composição o nitrato de amônio, a mesma substância que causou a grande explosão em Beirute, no Líbano, na última semana. O composto é uma reação entre amônia e ácido nítrico que oferece às plantas o nitrogênio, nutriente mais absorvido pelas plantas e essencial para o crescimento e produção. O nitrato de amônio também apresenta elevada solubilidade em água e sua utilização é mais comum nas culturas fertirrigadas, uma técnica de adubação em que o fertilizante é diluído na água de irrigação.
Apesar do grande poder de destruição apresentado em Beirute, o uso e armazenamento corretos do nitrato de amônio no setor agrícola não oferecem perigo. O pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), engenheiro agrônomo e doutor em Solos e Nutrição de Plantas, André Guarçoni, afirma que o nitrato de amônio usado nas propriedades rurais capixabas apresenta baixos riscos devido ao tratamento industrial recebido, sendo estável e seguro em condições normais.
Em relação ao armazenamento correto, o engenheiro agrônomo aponta cuidados importantes. “O nitrato de amônio deve ser armazenado com cuidado em lugar seco, fresco e arejado, abrigado das intempéries, longe de produtos inflamáveis e de possíveis faíscas. O armazenamento do fertilizante em conjunto com produtos não fertilizantes deve ser evitado”, destaca André Guarçoni.
Considerado como um bom fertilizante nitrogenado para a nutrição das plantas, o nitrato de amônio é usado em diversas culturas do Espírito Santo. Devido ao seu baixo risco, é vendido livremente em lojas do setor agropecuário, principalmente como fertilizante simples ou em formulações, que apresentam ainda menor risco. No Brasil, o fertilizante é usado há aproximadamente 50 anos, apresentando baixíssima possibilidade de causar explosão.
O fertilizante é um produto não inflamável, no entanto, o nitrato de amônio utilizado em análises laboratoriais e para a fabricação de explosivos é mais concentrado e menos estável, sendo minuciosamente controlado pelo Exército Brasileiro, pois apresenta risco à população, como afirma o pesquisador.
“Como fertilizante, o nitrato de amônio praticamente não apresenta nenhum risco. Contudo, se exposto ao fogo direto, pode aumentar as chamas e gerar gases tóxicos. O maior risco é se o fertilizante for contaminado com um material combustível e estiver sob fogo extremo, em local fechado e armazenado em grande quantidade. Nesse caso, pode, sim, ocorrer explosão, mas apenas se houver a combinação perfeita desses fatores”, explica André Guarçoni.
O pesquisador ressalta ainda que o Incaper conta com uma equipe de técnicos qualificados que orientam e recomendam o uso e a armazenagem corretos do nitrato de amônio.
Texto: Andreia Ferreira
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