O cultivo do café com árvores (florestais, frutíferas etc.), popularmente conhecido como café sombreado, tem sido alvo de pesquisa desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Entre os resultados preliminares já identificados, destacam-se a otimização de área e recursos, redução de mato na lavoura e bom desempenho do café em sistemas consorciados no período de seca.
Segundo o pesquisador do Incaper João Araújo, responsável pelo projeto das “Unidades de Observação (UO) para o acompanhamento da produção de Café Conilon cultivado em sistemas agroflorestais”, vários objetivos econômicos e ambientais podem ser alcançados por meio do sombreamento do café. “Ocorre a diminuição da intensidade de luz e a melhoria do microclima na lavoura. Duas culturas inseridas na mesma área otimizam espaço, irrigação, adubação e mão-de-obra. Além disso, o trabalho do agricultor em uma área sombreada é mais agradável do que a pleno sol”, explicou João.
O Incaper implantou duas Unidades de Observação (UO) de Sistemas Agroflorestais (SAF) com cafeeiro conilon, sendo uma na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, em Pacotuba, no município de Cachoeiro do Itapemirim, e outra na Fazenda Experimental Engenheiro Reginaldo Conde, em Jucuruaba, no município de Viana. Em Pacotuba, foram feitas quatro associações de café com ingá, bananeira, gliricídia e pupunha, em quatro talhões. Em Jucuruaba, o consórcio foi feito com banana e espécies nativas.
“Cada uma dessas espécies consorciadas com o café possuem finalidades diferentes. A principal finalidade do ingá e da gliricídia é a produção e ciclagem de matéria orgânica. Trata-se de plantas fixadoras de nitrogênio, que trazem economia no fornecimento desse adubo. Já o consórcio com a bananeira e com a pupunha foi feito por se tratarem de duas culturas comerciais, que na soma com o café, podem gerar mais renda”, explicou João.
A pesquisa feita nessas Unidades de Observação busca fazer uma análise fitotécnica, aferindo, por exemplo, a quantidade de café, banana e pupunha produzidos e a ciclagem de nutrientes. Também pretende fazer uma análise econômica, observando o que se gasta em cada sistema com água, mão-de-obra e adubo. Por fim, a pesquisa busca incluir a visão dos agricultores na avaliação dos sistemas agroflorestais.
“Os agricultores percorrem a área e fazem uma avaliação dos sistemas de acordo com a metodologia estabelecida por um grupo de extensionistas, em conjunto com a Escola Família e Caufes. A cada seis meses, é feita uma nova avaliação, criando uma comunicação da pesquisa com extensionistas e agricultores simultaneamente. Trata-se de uma dinâmica positiva para todos os envolvidos.”, explicou João.
Em termos de resultados, averiguou-se que nos sistemas agroflorestais consorciados, a quantidade de mato reduz de 20 a 40% em relação ao café a pleno sol. Em relação à produtividade do cafeeiro, em duas colheitas, o sistema do café consorciado com a bananeira foi o único que produziu menos que café solteiro. “A bananeira produziu de 5% a 10% menos que o café solteiro, mas a renda obtida com a produção de banana compensa. Situação semelhante ocorre com a pupunha. Nos demais sistemas, o café produziu mais que a pleno sol. O sistema sombreado foi menos atingido que nos períodos de seca.
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