O jeito que a natureza sustenta os ecossistemas de floresta tropical pode ser considerado um modelo de sustentabilidade para a agricultura, diz Maria da Penha Angeletti, pesquisadora do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Ela é uma das autoras de “Espécies Vegetais para Cobertura de Solo: Guia Ilustrado”, publicação lançada pelo Incaper que traz uma proposta de solução para um tema bastante demandado: a sustentabilidade na produção agrícola capixaba.
“Quando os agricultores introduzem as espécies para cobertura de solo no manejo de suas áreas, formando palha sobre o solo, eles estão promovendo relações ecológicas mais equilibradas entre as lavouras comerciais e o ambiente, resultado do aumento da biodiversidade nas áreas cultivadas”, continua Maria da Penha.
A Circular Técnica “Espécies Vegetais para Cobertura de Solo: Guia Ilustrado” foi elaborada a fim de oportunizar aos leitores ferramentas de planejamento para utilização adequada e potencializada de 22 espécies e cultivares de plantas de cobertura. A publicação uniu os esforços de trabalho de uma grande equipe, envolvendo pesquisadores e extensionista do Incaper –Maria da Penha Angeletti, Jacimar Luis de Souza, Hélcio Costa, Luiz Fernando Favarato, José Salazar Zanúncio Júnior, André Guarçoni e Ernesto de Moraes Muzzi – e representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santa Maria de Jetibá (STRSMJ) – Evelson Sanche Muniz e Lucinéia Laurett. Foi financiada com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), por meio de projeto de pesquisa coordenado pelo pesquisador do Incaper Serrano, Jacimar Luis de Souza.
De maneira ilustrada, a publicação identifica e caracteriza cada uma das plantas. Fotos de sementes, flores e hábito de crescimento contribuem para que o leitor reconheça com mais facilidade cada uma das espécies. O comportamento das plantas também é apresentado, por meio de resultados científicos do Incaper: o que cada espécie produziu de biomassa para cobrir o solo e o quanto de macro nutrientes estas plantas poderão retornar ao solo.
Para transformar os conhecimentos sobre as plantas de cobertura em realidades locais, muitos profissionais estão fazendo a diferença em seus municípios e regiões.
Destacam-se as ações de desenvolvimento e adaptação local dos parceiros Anderson Martins Pilon (Incaper Laranja da Terra); Evelson Sanche Muniz (Sindicato STRSMJ Santa Maria de Jetibá); Galderes Magalhães (Incaper Santa Maria de Jetibá, Centro Regional de Desenvolvimento Rural Central Serrano ); Horacio Vicente Caetano Gonçalves (Escola Família EFASJG Santa Maria de Jetibá); Leandro Resende (Incaper Santa Teresa); Lorena Ribeiro (Incaper Guaçuí – trabalhando com as plantas na alimentação animal); Lucinéia Laurett (STRSMJ Santa Maria de Jetibá); Marcelino Silva de Melo (Incaper Laranja da Terra); Rafael Zaager (agricultor Afonso Cláudio e estudante no Ifes Santa Teresa); Ranusa Coffler (Incaper Santa Teresa); Tálita Fideles (Incaper Santa Maria de Jetibá); Victor Rossi (Incaper Afonso Cláudio). O detalhamento técnico e as imagens de algumas destas ações podem ser vistos na galeria de imagens que acompanha esta matéria, juntamente com ações de pesquisa.
“Nós que lidamos com extensão rural observamos que, em geral, as propriedades rurais têm o solo muito desgastado. É muito ataque de nematoide, muito fungo... as propriedades precisam caminhar para a recuperação do solo. Se fosse uma deficiência nutricional, a gente corrigia com adubo. Mas as deficiências biológicas não se corrigem com adubo. Tem de ter a planta de cobertura. Se precisa recuperar matéria orgânica, tem uma classe de plantas adequadas para isso. Se precisa combater nematoide, tem outra classe de plantas para isso. O Guia é uma ferramenta de suma importância, porque nos ajuda na tomada de decisão. Além de corrigir a fertilidade, equilibra o ambiente e as doenças de solo acabam”, disse Anderson Pilon, extensionista do Incaper que já adota informações constantes na publicação para melhorar seu trabalho em campo.
“A lavoura fica mais produtiva, a terra fica mais úmida, a planta fica mais equilibrada, a disponibilização de nutrientes no solo melhora. Com isso, há uma redução da necessidade de aração e gradagem, de capina, de irrigação, gerando uma diminuição de gastos com energia, mão de obra, insumos e outros. Além de formar cobertura de solo, as plantas de cobertura podem ter uma função econômica na propriedade”, acrescenta Anderson.
A pesquisadora diz que há várias formas de utilização das plantas de cobertura e ressalta que a escolha das espécies seja feita a partir de um detalhado diagnóstico inicial na área, com a presença de técnicos e agricultores, criando-se a visão do agroecossistema como um todo, como mostra a publicação.
“Em geral, as plantas de cobertura são cultivadas por um período de dois a três meses a cada ano, após isso é feita a roçada/manejo das plantas. Com sete a 10 dias, aquela biomassa já está seca, formando uma camada de palha sobre o solo. Na sequência, é feito o cultivo das lavouras comerciais que vão ser beneficiadas pela presença da palha. Olerícolas como repolho, abobrinha, beterraba, vagem, quiabo e alface, além de feijão e milho, mostraram-se bastante viáveis notadamente nos municípios de Santa Maria de Jetibá, Laranja da Terra e Domingos Martins.
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