Agricultores dos municípios de Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá foram selecionados para atuar na multiplicação de alho-semente livre de vírus, um material genético de alta qualidade, com grande potencial produtivo e capacidade de transformar a cadeia do alho no Espírito Santo. O objetivo é que esses produtores ajudem a difundir a tecnologia na região serrana do Estado, repassando a outros agricultores o material que multiplicarem em suas propriedades.
A ação faz parte de um projeto conduzido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em parceria com a Embrapa Hortaliças, sob coordenação dos pesquisadores Andréa Ferreira da Costa (Incaper) e Francisco Vilela Resende (Embrapa).
Para iniciar a multiplicação, os agricultores receberam entre 5 kg e 15 kg de alho-semente das variedades Gigante Roxo, Gigante Ouro Branco e Amarante. A entrega foi realizada no início deste mês, no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CPDI) Serrano, do Incaper, em Domingos Martins.
Por ser propagada vegetativamente, a cultura do alho acumula vírus ao longo do tempo, comprometendo o desenvolvimento das plantas, reduzindo o tamanho dos bulbos e provocando quedas expressivas de produtividade. Esse cenário tem levado muitos agricultores da região serrana a abandonarem a cultura, que já teve maior expressão no Estado.
A tecnologia do alho-semente livre de vírus vem revolucionando esse quadro em diversas regiões do país. Desenvolvida pela Embrapa Hortaliças, a técnica consiste na regeneração de plantas a partir de células meristemáticas — naturalmente isentas de vírus — seguida de testes sorológicos e multiplicação em ambientes controlados. Todo o processo pode levar de quatro a cinco anos, mas os resultados compensam: produtividade até 100% maior, maior vigor das plantas e bulbos mais uniformes.
O material genético entregue aos produtores capixabas passou pelo processo de limpeza viral no laboratório de Biologia Celular da Embrapa Hortaliças, em Brasília. Depois, foi multiplicado nos telados (estufas que impedem o acesso de insetos vetores de vírus) do CPDI Serrano. A escolha dos agricultores ficou a cargo dos extensionistas do Incaper Tiago Monteiro (Domingos Martins – Pedra Azul) e Protaze Magevski (Santa Maria de Jetibá), levando em conta a experiência e o histórico de atuação com a cultura do alho.
A expectativa é que esses agricultores iniciem o repasse do material a outros produtores já na próxima safra. “Essa etapa é essencial para garantir a difusão da tecnologia e aumentar a escala de produção do alho-semente livre de vírus no Estado”, explica a pesquisadora Andréa Ferreira da Costa.
Além de favorecer o aumento da produtividade, a distribuição do material genético também representa um incentivo econômico importante. O alho-semente pode representar até 30% do custo total da produção, sendo um dos principais entraves para quem deseja iniciar ou retomar o cultivo da cultura. Ao viabilizar o acesso gratuito a esse material por meio dos agricultores multiplicadores, o projeto facilita a entrada de novos produtores na atividade e reduz o risco financeiro de quem deseja apostar novamente no cultivo de alho. “Isso amplia o alcance da tecnologia e democratiza o uso de sementes de alta qualidade entre agricultores familiares da região serrana”, avalia a pesquisadora.
Uma nova perspectiva para o alho capixaba
Experiências bem-sucedidas em estados como Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais mostram que o uso do alho-semente livre de vírus mudou significativamente o perfil da produção. Nessas regiões, agricultores estruturaram seus próprios telados e passaram a atuar também como fornecedores de sementes, agregando valor ao negócio. No Espírito Santo, a expectativa é de que o projeto siga caminho semelhante, fortalecendo a agricultura familiar, gerando renda e posicionando a região serrana como referência na produção de alho de qualidade.
“Nos últimos anos, muitos agricultores estavam desistindo da cultura, pois o alho estava perdendo qualidade e produtividade. Com essa tecnologia, voltamos a ter uma perspectiva viável e competitiva para o alho capixaba”, destaca Andréa Costa.
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