O município de Rio Novo do Sul sediou o 1º Seminário da Palmeira Juçara, na última sexta-feira (25), com a participação de cerca de 120 produtores de 17 municípios. Durante o evento, foi implantada a Rede Juçara-ES, que será coordenada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
A Rede Juçara-ES tem o propósito de ser um fórum de debate da cadeia produtiva da juçara, a fim de que os diversos produtos derivados possam ocupar novos mercados, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, de maneira mais competitiva e sustentável.
O evento foi realizado pelo Incaper, em parceria com a Prefeitura de Rio Novo do Sul e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O seminário reuniu produtores/extrativistas, órgãos públicos, empresas privadas e outros atores da cadeia produtiva. A palmeira juçara é uma espécie nativa da Mata Atlântica, que, no passado, foi explorada para extração do palmito e, por isso, entrou para a lista de ameaçadas de extinção. Porém, a juçara também gera frutos, dos quais se produzem polpa semelhante ao açaí.
A programação do seminário contou com a palestra da bióloga e coordenadora de Recursos Naturais do Incaper, Fabiana Gomes Ruas, que falou sobre as pesquisas, usos e ações da juçara, aliados à sociobiodiversidade e à geração de renda. Já o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) destacou as ferramentas legais de exploração sustentável da espécie no Espírito Santo para extração da polpa, que trata da Instrução Normativa (IN) 003, de 31 de julho de 2013.
O seminário também contou com a apresentação do projeto Yçara Extrativista, realizada pelo produtor Emerson Araújo de Miranda, primeiro extrativista a obter autorização do Idaf para exploração sustentável dos frutos da palmeira juçara no Espírito Santo.
A bióloga Fabiana Gomes Ruas frisou que a Rede Juçara-ES é resultado de diversos trabalhos desenvolvidos pelo Incaper e por parceiros, reunindo pessoas, instituições e entidades, a fim de desenvolver a cadeia produtiva da palmeira juçara, com foco na extração e exploração sustentável dos frutos para aproximar todos esses elos da cadeia produtiva.
“A rede tem os objetivos de debater ideias e saberes, e de buscar os mercados para a comercialização desses produtos. Também visa a operacionalizar a Instrução Normativa que trata dos produtores extrativistas. Pretendemos fazer um mutirão estadual para conseguirmos que esses produtores extrativistas tenham as suas áreas legalizadas com a autorização do Idaf, para que eles possam fazer a coleta e exploração desses frutos da palmeira juçara. Temos o objetivo de legalizar esse produto, com registro no Ministério da Agricultura”, explicou Fabiana Gomes Ruas.
“Pretendemos cadastrar todos os produtores e extrativistas que tenham interesse nesse tipo de atividade. A partir da legalização das áreas de coleta, podemos criar uma identidade exclusiva desse produto da polpa de juçara e colocar no mercado um produto nativo da Mata Atlântica, com preço justo e com o viés da sustentabilidade”, enfatizou a bióloga.
A Rede também tem o propósito de contribuir com a seleção e melhoramento genético da palmeira juçara, a fim de resultar em materiais mais produtivos, de porte mais baixo e que facilite a coleta. “Os produtores e extrativistas poderão fazer intercâmbios e conhecer o trabalho do outro. Queremos promover cursos de coletores, de produtos florestais e trabalhar para desenvolver essa cadeia produtiva com diversas ações previstas”, completou Fabiana Gomes Ruas.
A extensionista do escritório local do Incaper de Rio Novo do Sul, Hanny Slany Pereira, destacou que, a partir das diretrizes traçadas da Rede Juçara-ES, a polpa da juçara pode ser inserida em mercados institucionais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Compra Direta de Alimentos (CDA).
“Além de garantir a renda para o produtor, a juçara é um alimento saudável e altamente nutritivo. Caso fosse inserida na merenda escolar, seria uma ótima agregação de um alimento saudável para as crianças. Também contribui com a preservação ambiental, embeleza a paisagem e isso traz até uma satisfação para família”, salientou a extensionista.
Alimentos da polpa da juçara
Durante o seminário, foram servidos para degustação produtos feitos com a polpa de juçara, como doces, geleias, pão, barra de cereal e outros. Os participantes puderam apreciar a grande versatilidade do uso da iguaria. Os lanches foram preparados sob a coordenação da engenheira de alimentos e instrutora do Senar, Maria Zanúncio Araújo. Algumas das receitas podem ser encontradas no livro ”Palmeira Juçara- Patrimônio Natural da Mata Atlântica no Espírito Santo”, disponível na Biblioteca Rui Tendinha do Incaper.
Capital Estadual da Juçara
Rio Novo do Sul acolheu, em 2013, o evento de lançamento da IN 003/2013, que regulamenta a exploração dos frutos e recebeu recentemente o título de Capital Estadual da Juçara, por meio do Projeto de Lei nº 103/2021, criado pelo deputado estadual Emílio Mameri. A juçara permanece em destaque no município, que se prepara para o Festival da Juçara, que deve acontecer entre os dias 12 e 15 de maio deste ano.
Também estiveram presentes no seminário o prefeito de Rio Novo do Sul, Jocenei Castelari; o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Gustavo Lourencini; o coordenador do regional Litoral Sul do Incaper, Alciro Lazzarini; além de extensionistas, técnicos e pesquisadores do Incaper.
Texto: Andreia Ferreira
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