Foi realizado, na manhã dessa terça-feira (15), o Encontro Municipal da Bacia do Rio Mangaraí, no auditório da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em Santa Leopoldina. O encontro teve como objetivo debater propostas que vão servir de subsídios ao poder público para futuros projetos na sub-bacia do Rio Mangaraí. Esse foi o segundo encontro em âmbito municipal e marcou a finalização do projeto no município.
O encontro faz parte do Projeto Piloto do Rio Mangaraí, parte do Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem do Governo do Espírito Santo, financiado com o apoio do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e, atualmente, coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
O objetivo do projeto é reduzir a carga de sedimentos nos cursos d’água e melhorar a qualidade e a quantidade das águas da sub-bacia do Mangaraí, bem como a qualidade de vida dos cerca de 3.700 habitantes. Indiretamente, também serão beneficiados os 600 mil habitantes residentes da Grande Vitória que são abastecidos com água captada no Rio Santa Maria da Vitória.
A coordenadora do Núcleo Gestor do projeto-piloto Rio Mangaraí e extensionista do Incaper, Cíntia Bremenkamp, destacou que as propostas colocadas durante o encontro despertam as pessoas para a multiplicação destes conhecimentos. “É muito importante que ações voltadas à educação ambiental sejam fortalecidas com os moradores, agentes de saúde e escolas. Da mesma forma, que a implementação de políticas públicas destinadas à equidade de gênero e à consolidação dos direitos básicos relacionados ao meio ambiente, infraestrutura e saúde sejam discutidos. Que essas ações sejam referência para outros municípios do Estado”, disse.
André Luis Sefione, gerente de Meio Ambiente da Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan), instituição parceira no projeto, reforçou que é preciso lembrar que o Rio Mangaraí é um grande tributário do Rio Santa Maria, onde é captada a maior parte da água que abastece a Região Metropolitana do Estado.
“Repensarmos a atuação da bacia, especialmente quanto ao uso e à ocupação do solo agrícola no impacto disso à qualidade da água do Rio Mangaraí, nos mostra a amplitude desse projeto. Mais do que pensarmos em intervenções dentro da bacia, que também são importantes, conscientizamos a população sobre a ação dela no meio ambiente. Esse é um trabalho minucioso, feito a médio e longo prazo e que tem nos trazido satisfação em ver, aos poucos, os resultados”, completou Sefione.
Para subsidiar os debates e contribuir com a elaboração das diretrizes públicas em torno do Rio Mangaraí, formaram-se grupos que realizaram diálogos orientados dentro de três eixos temáticos trabalhados ao longo das atividades no município: educação ambiental; ecoturismo e conservação e mulheres, trabalho e meio ambiente.
“Ao contrário do que muitos pensam, a educação ambiental não está relacionada exclusivamente com o ambiente escolar. E é por meio dela que podemos acessar muitas informações, aprendizados, oficinas participativas e tecnologias sociais inovadoras, que ajudam o indivíduo e sua comunidade na construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado”, explicou Kleiton Bueno da Silva, do consórcio Synergia/TPF-e.
Segundo Derliane Ribeiro Martins, professora da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Alice Holzmeister, de Santa Leopoldina, diante desse cenário, aliar conservação ambiental à geração de renda é uma alternativa viável.
“Entre as alternativas disponíveis, o ecoturismo tem emergido como um instrumento de desenvolvimento econômico local e de conservação das áreas de relevância socioambiental. Assim, podemos explorar a utilização de espaços naturais para a atividade ecoturística, trazendo uma alternativa econômica para as comunidades, além de atrair pessoas de outras cidades. O objetivo é ampliar a rede de contatos, difundir a nossa história e promover o acesso ao patrimônio cultural de povos tradicionais”, explicou Derliane Martins.
Vale ressaltar que a sub-bacia do Rio Mangaraí é caracterizada por ser predominantemente agrícola e também de que, no município de Santa Leopoldina, cerca de 47,5% da população são mulheres. Diante desse contexto, a extensionista do Incaper Alessandra Maria da Silva lembrou que existe uma necessidade de consciência de gênero para o meio rural.
“As disparidades em relação às questões de gênero podem ser percebidas a todo tempo, como, por exemplo, na falta de controle e acesso da maioria das mulheres à renda familiar e na tomada de decisão com relação ao uso do dinheiro, que fica sob a responsabilidade dos homens da família. Entre outras questões que podemos citar, por meio de falas e atitudes estruturais, postas ao longo da nossa história, e que temos a responsabilidade de transformar”, pontuou Alessandra Maria da Silva.
“Esses são temas que nos têm feito pensar, conversar, agir e até nos une em busca de mais consciência em torno do Rio Mangaraí, da vida das nossas famílias rurais e das organizações sociais”, salientou Marciane Aparecida Boone Facco, integrante da Associação de Produtores Rurais do Rio do Meio e Fumaça (Apromef) de Santa Leopoldina.
O presidente do Incaper, Antônio Carlos Machado, agradeceu o apoio da Prefeitura de Santa Leopoldina e lembrou que a elaboração das propostas com a participação das comunidades, dos estudantes e da sociedade civil traz melhorias e nova consciência para a vida da população do Rio Mangaraí. “Que essas ações possam servir de exemplo para o cuidado com outras bacias e para a qualidade de vida de muitas famílias rurais”, acrescentou.
O encontro foi transmitido ao vivo, no canal do Incaper no YouTube e pode ser acessado por meio do link:
https://www.youtube.com/watch?v=bXCeOeVACw8&t=166s
Texto: Tatiana Toniato Caus
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