Com o o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), alunos do 3° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Maria Madalena de Oliveira Domingues, localizada em Vitória, produziram pinturas por meio do projeto “Cores da Terra”, que envolve uma prática com a utilização de tintas ecológicas e de baixo custo. O objetivo foi envolver os estudantes em atividades práticas sobre o solo e os seus recursos.
O projeto “Cores da Terra” teve início em 2007, por meio de uma parceria entre o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV). Implementado, principalmente, nas comunidades rurais, o projeto ensina uma técnica simples, criativa e sustentável, tendo como matéria-prima a terra de várias tonalidades. A prática consiste em três passos simples: coleta de solo e as suas diferentes cores e nuances, água e cola branca.
Com o apoio dos escritórios locais de desenvolvimento rural do Incaper, distribuídos em todos os municípios do Espírito Santo, comunidades rurais têm adotado técnica de pintura em diferentes lugares e objetos, despertando os olhares das famílias rurais para novas possibilidades de renda, além de transformar espaços em verdadeiras obras de arte, com as tintas ecológicas e de baixo custo.
A ideia de levar a ação para a EMEF Maria Madalena de Oliveira Domingues surgiu no momento em que, a professora do 3º ano do Ensino Fundamental Larissa Toniato se surpreendeu ao se deparar com uma matéria jornalística produzida pelo Incaper sobre o “Cores da Terra” e divulgada no livro de ciências da escola. A mesma logo apresentou o conteúdo para os alunos.
“Esse contexto muitas vezes fica apenas nas imagens vistas nos livros e internet, por se tratar de uma escola na Capital. No momento em que nos deparamos com uma reportagem sobre o Projeto Cores da Terra e que a jornalista era capixaba, o interesse dos alunos aumentou, pois foi a primeira vez que estavam vendo algo do nosso Estado retratado no livro”, contou Larissa Toniato.
“Ao viabilizarmos com o Incaper essa oportunidade, aproximamos os alunos da área urbana e eles puderam conhecer mais sobre os recursos existentes na área rural, aprendendo a valorizar e a respeitar os diferentes espaços, despertando a consciência em relação ao nosso planeta e promovendo o uso consciente dos recursos naturais”, explicou a professora.
As atividades foram ministradas pela economista doméstico e extensionista do Incaper, Cristiana Barbosa, com o apoio da estudante de nutrição e bolsista da Instituição, Amanda Cypriano e da jornalista do Incaper, Tatiana Caus. As atividades também foram acompanhadas pela pedagoga da escola, Iacy Borges, pela professora Larissa Toniato e outras professoras presentes.
A oficina foi dividida em três etapas: em primeiro lugar, as crianças conheceram um pouco da trajetória e das atividades do Incaper; em um segundo momento, foi a hora de sensibilizar as crianças com uma explicação sobre o projeto, com o passo a passo da produção da tinta à base de terra, orientadas sobre o meio ambiente e as características específicas das cores, algumas delas com a inclusão de alimentos para a produção de diversas tonalidades, como açafrão, beterraba, couve, entre outros.
Na terceira etapa, na sala de artes da escola, a terra levada para os alunos foi peneirada como parte do processo de refinamento, destinado à produção das pequenas amostras de tinta e os alunos partiram para a prática. As pinturas dos alunos vão ficar expostas para uma exposição do “Cores da Terra” e para todos os outros alunos, pais e visitantes.
Saberes ancestrais e culturais
De acordo com a extensionista Cristiana Barbosa, a tinta à base de terras é um saber popular historicamente praticado nas comunidades rurais. “É uma prática que retrata saberes ancestrais e culturais. O Incaper foi aprimorando esse saber, com uma tecnologia social a ser compartilhada na formação de multiplicadores da técnica. A troca de saberes com o público infantil nos traz um ambiente de aprendizado com ludicidade, de forma multidisciplinar. A partir da terra, fizemos analogias com a soberania alimentar, com a importância da agricultura familiar, de seus saberes e sabores que nos alimenta”, disse.
Ela reforçou que a forma como nos relacionamos com a terra e com o ambiente em que vivemos está intrinsecamente relacionada ao que comemos. “E o que comemos vem da terra, logo, estamos num ciclo nutritivo e energético de conexão com todas as formas e cores que a terra nos presenteia. Estar em contato com a produção de tintas à base de terras é também uma arte terapia, por exemplo”, destacou Cristiana Barbosa.
“Foi muito interessante observar o movimento das crianças no encontro entre rural e urbano. As crianças são sábias e, com naturalidade, nos mostraram como essa integração rural e urbano se faz no cotidiano, atendendo nossas necessidades de existir. São dois mundos que coexistem e são partes de um todo”, explicou a extensionista do Incaper.
Segundo a docente Larissa Toniato, os alunos ficaram “encantados”, pois perceberam as diferentes possibilidades de pintura com os recursos naturais. “Por meio dessa parceria, foi possível garantir aos alunos o desenvolvimento de habilidades e competências previstas na Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, pois puderam realizar atividades práticas, experimentos e interação envolvendo ações coletivas que culminaram nas obras de artes produzidas por elas na oficina”, ressaltou.
Gestores da EMEF Maria Madalena de Oliveira Domingues já conversam com o Incaper para que uma nova ação aconteça na unidade: o próximo passo, possivelmente, será a pintura de uma parede da escola.
Texto: Tatiana Toniato Caus
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