A queda da temperatura, o menor volume de chuvas e o ar mais seco, são características trazidas pelo inverno que podem ser boas ou ruins para as variedades cultivadas no Espírito Santo. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) destacou algumas culturas de grande importância econômica para o Estado a fim de avaliar quais impactos do inverno na agricultura e também em atividades pecuárias.
A diminuição da temperatura e da umidade relativa do ar, ocasionadas pela chegada do inverno, favorecem a incidência de doenças no tomate como a requeima, principal doença que atinge a cultura, e da pinta bacteriana. O extensionista e coordenador do Centro Regional de Desenvolvimento Rural (CRDR) Central Serrano do Incaper, Galderes Magalhães, afirmou que essas doenças também ocorrem em outras épocas do ano, mas as características do inverno aumentam e potencializam a ocorrência.
O extensionista e engenheiro agrônomo, destacou que é necessário identificar a campo qual é a doença e, caso não se tenha certeza da presença de sintomas, levar ao laboratório para identificação do agente causal, antes de fazer uso de qualquer produto químico ou outro método de controle na lavoura. A partir do diagnóstico, é feita uma recomendação técnica adequada para o cultivo. “Para diminuir a incidência dessas doenças, dentro das estratégias que nós temos, aconselhamos os agricultores a fazerem o plantio nessas regiões mais altas no período que se inicia em setembro e vai até março. Dessa maneira, conseguimos controlar o inóculo das doenças, o que resulta em menos prejuízos nos processos produtivos”, disse Galderes.
A murchadeira e o ataque de larva minadora são outros problemas recorrentes ao tomate durante o inverno, principalmente nas regiões mais altas e frias do Estado. Nas terras mais baixas e quentes, abaixo de 550 metros de altitude, há problemas com as doenças mancha de alternária e a murchadeira. Outros problemas nesta época do ano são com as traças, pragas que têm um impacto econômico negativo no cultivo do tomate.
“Além das práticas de manejo adequadas à cultura, recomendamos fazer o cultivo na época certa. No intervalo de tempo, de setembro a março, é possível diminuir a entrada desses organismos e, consequentemente, a diminuição do uso de produtos químicos. O Incaper sempre prega a realização de monitoramento para identificar o dano econômico à cultura. A partir disso, indicamos as práticas de controle adequadas, priorizando sempre as menos agressivas ao meio ambiente”, afirmou o extensionista.
Tempo seco favorece a alface
A cultura da alface apresenta um bom desenvolvimento durante o inverno, por se tratar de uma época mais seca. A alface não tolera muita umidade no sistema produtivo e com um bom sistema de irrigação instalado e manejado, é possível ter uma planta bem desenvolvida e sadia durante a estação mais fria do ano. A cultura da alface é de grande importância econômica para a região serrana capixaba, que apresenta a maior produção do Estado. No entanto, o tempo mais frio traz problemas com as doenças de septoriose, cercosporiose, tombamento, podridão de esclerotínia, mancha bacteriana, míldio e vírus do mosaico, que são as principais doenças que atingem a lavoura durante o ano, mas que durante o inverno aumentam.
“Inicialmente, pode ser feito um arranjo diferenciado com as mudas para inibir o ataque do míldio, a exemplo de uma ação que pode ser tomada. Percebemos que na maior parte das visitas para diagnóstico de problemas fitossanitários, a irrigação inadequada é o principal fator de disseminação de doenças. Sendo essa estruturada por meio de projeto e conduzida com manejo adequado haverá, por sua vez, diminuição dos impactos provocados pelas doenças. Para a cultura da alface dispomos de bastante tecnologia para controle de pragas e doenças, cabendo ao agricultor sempre realizar manejo de monitoramento, evitando uso inadequado de produtos químicos, e buscando assistência técnica à medida que perceber o surgimento de doenças”, completou o extensionista.
Café arábica tem bom desempenho do frio
O extensionista do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper de Guaçuí, Maxwell Assis, destacou que a cafeicultura, atividade agrícola predominante na região do Caparaó, não sofre impactos severos com a queda da temperatura. A região, uma das mais frias do Espírito Santo, tem destaque com a produção de café arábica, que tem melhor desempenho em altitudes maiores e temperaturas mais baixas. O engenheiro agrícola destacou ainda que um dos poucos problemas que ocorrem no inverno é a incidência da doença phoma, favorecida por ventos frios, que queimam as folhas novas do cafeeiro e provocam a entrada dos fungos phoma e aschocyta.
Em relação às atividades da pecuária, na época mais fria do ano, o extensionista destacou que é normal que as pastagens sofram com a diminuição no crescimento das plantas, reduzindo a produção de material vegetal volumoso para o pastejo dos animais. “Assim ocorre maior suplementação alimentar nos cochos, por meio da utilização de cana-de-açúcar e capins oriundos de capineiras e da silagem. Nas outras atividades produtivas no município de Guaçuí não temos problemas expressivos com as temperaturas baixas”, completou Assis.
Como será o inverno em 2021 no ES?
De acordo com a coordenação de Meteorologia do Incaper, as características gerais do inverno no Espírito Santo são de temperaturas amenas e diminuição das chuvas. A previsão climática do trimestre que compreende junho, julho e agosto, meses de inverno, apresenta condições normais de temperatura e chuva para todo o Espírito Santo. Em relação à chuva, espera-se que a média acumulada de precipitação para a estação fique, em média, abaixo dos 100 mm no oeste do Estado, e entre 150 e 200 mm no leste. As temperaturas mínimas médias ficam em torno dos 10 a 12º C na região Serrana e dos 15 a 17º C nas demais regiões.
“Para esta época, é comum a formação de nevoeiros em trechos de vale dos rios e também a ocorrência de geadas nas áreas serranas. Esses fenômenos contribuem para a diminuição da visibilidade horizontal além de causar algum tipo de dano nas lavouras e também desconforto térmico animal. Nos dias mais secos, a atenção especial é para os baixos índices de umidade relativa do ar no período da tarde, abaixo dos 30%, que pode ser prejudicial para a saúde do trabalhador rural e deixa a vegetação vulnerável a incêndios”, ressaltou o coordenador de Meteorologia do Incaper, Hugo Ramos.
Texto: Andreia Ferreira
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