28/11/2019 09h22 - Atualizado em 29/11/2019 17h01

Estímulo à alimentação saudável: do campo à mesa dos frequentadores de shopping

Foto: Vanessa Capucho/Seag
O grupo de agricultores orgânicos comercializam seus produtos em feiras livres e shoppings da Grande Vitória.

 Comercializar produtos orgânicos dentro de um shopping na Grande Vitória parecia impossível, mas não para os agricultores familiares dos municípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina e Domingos Martins. Com muita força de vontade, os produtores levam toda semana produtos orgânicos de qualidade para a mesa dos capixabas e o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) foi fundamental nesse processo.

Existe um longo processo de apoio e desenvolvimento da produção e comercialização dos produtos orgânicos no Espírito Santo: lojas próprias, venda direta ao consumidor (inclusive com entregas em domicílio), feiras livres, entregas de cestas de produtos orgânicos e distribuição dos produtos nas grandes redes de varejo são algumas das estratégias de venda adotadas pelos agricultores orgânicos capixabas. Todas experiências exitosas, que fortaleceram a produção orgânica no Estado.

Em 2001 foi criada a Associação Amparo Familiar, que tem como objetivo ampliar a venda de produtos orgânicos e aumentar a renda das famílias. Essa associação contou com o apoio do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper de Santa Maria de Jetibá desde o começo.  Hoje a Associação Amparo Familiar se tornou uma das principais referências em produção orgânica e comercialização em feiras de Shoppings na Grande Vitória.

 Quem recebeu e contou um pouco dessa história à comitiva do projeto HorizontES em Extensão foi a presidente da Amparo Familiar, a agricultora orgânica Selene Hammer Tesch, acompanhada de diversos produtores. A visita também contou com a participação de representantes da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) e da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes).

Com o aumento da produção orgânica e o sucesso das feiras livres houve a necessidade de ampliar os canais de comercialização. Em abril de 2015, a Seag teve a ideia de juntar um grupo de agricultores para comercializar dentro do Boulevard Shopping, em Vila Velha. Em novembro daquele mesmo ano, foi realizada a primeira feira orgânica com o apoio do Incaper, Prefeitura de Santa Maria de Jetibá, Sebrae e administração do shopping.

“Nossa atuação foi focada em estimular os agricultores a acreditarem nas novas oportunidades de negócio. A comercialização no shopping seria um desafio, mas iria aumentar significativamente a renda familiar”, ressaltou o extensionista Galderes Magalhães.

Por meio do trabalho desenvolvido pela associação, estes agricultores comercializam uma grande diversidade de produtos, distribuídos entre grãos, frutas, legumes, verduras, temperos e plantas medicinais, podendo chegar a um total de variedade de 362 tipos”, disse a agricultora Rosiana Regonini.

 “Realizamos visitas aos produtores para acompanhar de perto o processo de transição agroecológica. Muitos deles ainda produziam de forma convencional. Nessa proposta também realizamos mini-cursos sobre comercialização de produtos orgânicos em feiras livres, estratégias de comercialização, preparo e padronização de alimentos in natura, atendimento ao cliente e marketing de vendas. Foi um momento muito importante para eles”, explicou o extensionista

Atualmente 27 feiras ligadas a Seag comercializam produtos orgânicos no Espírito Santo. 

Agricultura orgânica no ES

A agricultura orgânica no Espírito Santo começou em meados dos anos 80 nos municípios de Santa Maria de Jetibá e Laranja da Terra. Em 1989 foi criada a primeira associação de produtores orgânicos a Associação dos Produtores Santamarienses de Defesa da Vida - APSAD VIDA, através dela houve o fomento da produção no município, posteriormente apoiados pela prefeitura de Santa Maria de Jetibá e Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária - EMCAPA com o trabalho das Unidades de Teste de Validação, que estimulou o desenvolvimento de tecnologias e o crescimento da produção orgânica. Ao longo da história diversos agricultores, instituições e movimentos sociais lutaram e contribuíram para o fortalecimento da Agroecologia e Agricultura Orgânica no município.

Atualmente, Santa Maria de Jetibá é o município com maior produção agrícola orgânica do Espírito Santo, com 137 famílias certificadas. A produção de orgânicos pode chegar a 115 toneladas/semana principalmente olerícolas, café, milho e feijão, que são comercializados para merenda escolar e em 24 pontos de feiras na Grande Vitória.

A agricultora Iracilda Loose tem uma propriedade de três hectares e fala como foi sair do cultivo convencional para o orgânico. “Na nossa propriedade existem 70 tipos de cultivos, tanto sazonais como os de safra durante o ano todo. Antigamente optávamos apenas pelas atividades tradicionais, mas hoje posso afirmar que é bem mais rentável e saudável produzir orgânicos”, disse.

A viabilidade de mercados para a agricultura familiar e produtos orgânicos é fundamental para o desenvolvimento da atividade com garantia de geração de renda, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental.

O Projeto HorizontES em Extensão

A visita à Associação Amparo Familiar, em Santa Maria de Jetibá, foi uma iniciativa do projeto HorizontES em Extensão, que pretende mostrar 11 experiências de relevância para o desenvolvimento rural capixaba.

Para o diretor-presidente do Incaper, Antonio Carlos Machado, o projeto é uma oportunidade de a sociedade conhecer um pouco a atuação do instituto no rural capixaba. “Nossas ações são fundamentais para o desenvolvimento da agricultura. Tantas experiências exitosas ao longo doa mais de 60 anos de história influenciam diretamente na vida do produtor rural. Investir na agricultura familiar é dever nosso e o Governo do Estado junto com a Seag tem nos ajudado nessa caminhada”, disse Antonio.

O representante da Seag, Luciano Fazolo, também falou sobre o assunto. “Este conjunto de instituições presentes aqui neste momento está justamente reconhecendo os resultados de mais de anos de trabalho desses agricultores quanto à produção orgânica”.

“Viemos até aqui para mostrar o quanto a Ceasa pode ser útil na comercialização, orientando quanto à rastreabilidade, que é uma exigência nacional. Além disso, coordenamos o Núcleo de Atendimento ao contribuinte (NAC), e podemos contribuir com preciosas informações sobre a nota fiscal do produtor”, pontuou o representante da Ceasa, Marcos Magalhães.

Para o diretor-técnico do Incaper, Nilson Araujo Barbosa, a integração é o segredo do sucesso. “A atuação do Incaper está além da integração entre pesquisa, assistência técnica e extensão rural e o HorizontES em Extensão traz todo esse arcabouço dentro de um contexto maior: beneficiar a sociedade capixaba como um todo”, contou.

A coordenadora do HorizontES em Extensão e Gerente de Assistência Técnica e Extensão Rural (Gater) do Incaper, Jaqueline Sanz, ratificou que é justamente este o propósito do projeto. “A proposta é dar visibilidade às ações que tenham relevância para o desenvolvimento rural capixaba. Todos os dias o Incaper constrói lindas ações junto à agricultura familiar do Espírito Santo. Neste momento, em outros municípios existem várias outras experiências. A ideia do HorizontES é que estas experiências sejam conhecidas pelo maior número de pessoas, que sirvam de bons exemplos”, disse.

O projeto HorizontES em Extensão é viabilizado com recursos oriundos de um convênio estabelecido entre o Incaper e o Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa). A parceria prevê, entre outras metas, a realização de ações no Programa de Aperfeiçoamento em Práticas e Projetos de Desenvolvimento Rural dos Agentes do Incaper.

 

 

Texto: Vanessa Capucho

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