Comercializar produtos orgânicos dentro de um shopping na Grande Vitória parecia impossível, mas não para os agricultores familiares dos municípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina e Domingos Martins. Com muita força de vontade, os produtores levam toda semana produtos orgânicos de qualidade para a mesa dos capixabas e o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) foi fundamental nesse processo.
Existe um longo processo de apoio e desenvolvimento da produção e comercialização dos produtos orgânicos no Espírito Santo: lojas próprias, venda direta ao consumidor (inclusive com entregas em domicílio), feiras livres, entregas de cestas de produtos orgânicos e distribuição dos produtos nas grandes redes de varejo são algumas das estratégias de venda adotadas pelos agricultores orgânicos capixabas. Todas experiências exitosas, que fortaleceram a produção orgânica no Estado.
Em 2001 foi criada a Associação Amparo Familiar, que tem como objetivo ampliar a venda de produtos orgânicos e aumentar a renda das famílias. Essa associação contou com o apoio do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper de Santa Maria de Jetibá desde o começo. Hoje a Associação Amparo Familiar se tornou uma das principais referências em produção orgânica e comercialização em feiras de Shoppings na Grande Vitória.
Quem recebeu e contou um pouco dessa história à comitiva do projeto HorizontES em Extensão foi a presidente da Amparo Familiar, a agricultora orgânica Selene Hammer Tesch, acompanhada de diversos produtores. A visita também contou com a participação de representantes da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) e da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes).
Com o aumento da produção orgânica e o sucesso das feiras livres houve a necessidade de ampliar os canais de comercialização. Em abril de 2015, a Seag teve a ideia de juntar um grupo de agricultores para comercializar dentro do Boulevard Shopping, em Vila Velha. Em novembro daquele mesmo ano, foi realizada a primeira feira orgânica com o apoio do Incaper, Prefeitura de Santa Maria de Jetibá, Sebrae e administração do shopping.
“Nossa atuação foi focada em estimular os agricultores a acreditarem nas novas oportunidades de negócio. A comercialização no shopping seria um desafio, mas iria aumentar significativamente a renda familiar”, ressaltou o extensionista Galderes Magalhães.
Por meio do trabalho desenvolvido pela associação, estes agricultores comercializam uma grande diversidade de produtos, distribuídos entre grãos, frutas, legumes, verduras, temperos e plantas medicinais, podendo chegar a um total de variedade de 362 tipos”, disse a agricultora Rosiana Regonini.
“Realizamos visitas aos produtores para acompanhar de perto o processo de transição agroecológica. Muitos deles ainda produziam de forma convencional. Nessa proposta também realizamos mini-cursos sobre comercialização de produtos orgânicos em feiras livres, estratégias de comercialização, preparo e padronização de alimentos in natura, atendimento ao cliente e marketing de vendas. Foi um momento muito importante para eles”, explicou o extensionista
Atualmente 27 feiras ligadas a Seag comercializam produtos orgânicos no Espírito Santo.
Agricultura orgânica no ES
A agricultura orgânica no Espírito Santo começou em meados dos anos 80 nos municípios de Santa Maria de Jetibá e Laranja da Terra. Em 1989 foi criada a primeira associação de produtores orgânicos a Associação dos Produtores Santamarienses de Defesa da Vida - APSAD VIDA, através dela houve o fomento da produção no município, posteriormente apoiados pela prefeitura de Santa Maria de Jetibá e Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária - EMCAPA com o trabalho das Unidades de Teste de Validação, que estimulou o desenvolvimento de tecnologias e o crescimento da produção orgânica. Ao longo da história diversos agricultores, instituições e movimentos sociais lutaram e contribuíram para o fortalecimento da Agroecologia e Agricultura Orgânica no município.
Atualmente, Santa Maria de Jetibá é o município com maior produção agrícola orgânica do Espírito Santo, com 137 famílias certificadas. A produção de orgânicos pode chegar a 115 toneladas/semana principalmente olerícolas, café, milho e feijão, que são comercializados para merenda escolar e em 24 pontos de feiras na Grande Vitória.
A agricultora Iracilda Loose tem uma propriedade de três hectares e fala como foi sair do cultivo convencional para o orgânico. “Na nossa propriedade existem 70 tipos de cultivos, tanto sazonais como os de safra durante o ano todo. Antigamente optávamos apenas pelas atividades tradicionais, mas hoje posso afirmar que é bem mais rentável e saudável produzir orgânicos”, disse.
A viabilidade de mercados para a agricultura familiar e produtos orgânicos é fundamental para o desenvolvimento da atividade com garantia de geração de renda, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental.
O Projeto HorizontES em Extensão
A visita à Associação Amparo Familiar, em Santa Maria de Jetibá, foi uma iniciativa do projeto HorizontES em Extensão, que pretende mostrar 11 experiências de relevância para o desenvolvimento rural capixaba.
Para o diretor-presidente do Incaper, Antonio Carlos Machado, o projeto é uma oportunidade de a sociedade conhecer um pouco a atuação do instituto no rural capixaba. “Nossas ações são fundamentais para o desenvolvimento da agricultura. Tantas experiências exitosas ao longo doa mais de 60 anos de história influenciam diretamente na vida do produtor rural. Investir na agricultura familiar é dever nosso e o Governo do Estado junto com a Seag tem nos ajudado nessa caminhada”, disse Antonio.
O representante da Seag, Luciano Fazolo, também falou sobre o assunto. “Este conjunto de instituições presentes aqui neste momento está justamente reconhecendo os resultados de mais de anos de trabalho desses agricultores quanto à produção orgânica”.
“Viemos até aqui para mostrar o quanto a Ceasa pode ser útil na comercialização, orientando quanto à rastreabilidade, que é uma exigência nacional. Além disso, coordenamos o Núcleo de Atendimento ao contribuinte (NAC), e podemos contribuir com preciosas informações sobre a nota fiscal do produtor”, pontuou o representante da Ceasa, Marcos Magalhães.
Para o diretor-técnico do Incaper, Nilson Araujo Barbosa, a integração é o segredo do sucesso. “A atuação do Incaper está além da integração entre pesquisa, assistência técnica e extensão rural e o HorizontES em Extensão traz todo esse arcabouço dentro de um contexto maior: beneficiar a sociedade capixaba como um todo”, contou.
A coordenadora do HorizontES em Extensão e Gerente de Assistência Técnica e Extensão Rural (Gater) do Incaper, Jaqueline Sanz, ratificou que é justamente este o propósito do projeto. “A proposta é dar visibilidade às ações que tenham relevância para o desenvolvimento rural capixaba. Todos os dias o Incaper constrói lindas ações junto à agricultura familiar do Espírito Santo. Neste momento, em outros municípios existem várias outras experiências. A ideia do HorizontES é que estas experiências sejam conhecidas pelo maior número de pessoas, que sirvam de bons exemplos”, disse.
O projeto HorizontES em Extensão é viabilizado com recursos oriundos de um convênio estabelecido entre o Incaper e o Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa). A parceria prevê, entre outras metas, a realização de ações no Programa de Aperfeiçoamento em Práticas e Projetos de Desenvolvimento Rural dos Agentes do Incaper.
Texto: Vanessa Capucho
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