A Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, realizou na última quarta-feira (10), o primeiro Workshop sobre o tema Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta (iLPF), com o objetivo de falar sobre esse sistema pode ser uma alternativa de sustentabilidade para pecuária e para geração de novas fontes de renda para o pecuarista. Mais de 100 pessoas, entre alunos, produtores rurais e técnicos do setor agrícola, participaram do encontro que aconteceu na Faculdade Multivix, em Castelo.
O Workshop iLPF, além de ser realizado pelo Seag em parceira com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf), Embrapa e a Faculdade Multivix de Castelo, também é apoiado pela Matsuda, a Associação de Criadores de Nelore Capixaba, o Empório da Carne, a Cooperativa Agrária Mista de Castelo (Cacal) e pela Selita.
A programação do evento trouxe em destaques de casos de sucesso do iLPF no Brasil, como fazer o manejo, as espécies de árvores utilizadas na integração, além dos benefícios que a integração traz para o meio-ambiente e para o pecuarista. O Workshop contou com a participação dos diretores-presidentes do Incaper, Marcelo Suzart de Almeida, e do Idaf, Junior Abreu, além do presidente da Associação de Criadores de Nelore Capixaba (ACCN), Nabih Amin El Aouar.
O iLPF, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), consiste em um sistema que integra os componentes lavoura, pecuária e floresta, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área, possibilitando assim que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, e favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido ao sinergismo que se cria entre lavoura e pastagem. A Integração faz parte dos compromissos do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O engenheiro florestal e coordenador de projetos da Seag, Pedro Carvalho, explica que nessa integração podem ser utilizadas diversas espécies de árvores que possibilitam ao produtor rural uma atividade complementar dentro da propriedade, gerando renda extra aos mesmos.
“A escolha da espécie que será implantada na propriedade depende de uma avaliação técnica, mas existem experiências com Mogno Africano, Guanandi, Pinus, Cedro australiano, Teca e com o Eucalipto, essa última uma das bem mais sucedidas. No Espírito Santo, na região centro-serrana, acreditamos que o iLPF possa funcionar muito bem com o Pinus”, explicou Pedro.
O sistema também visa a manutenção e reconstituição da cobertura florestal, a recuperação de áreas degradadas, a adoção de boas práticas agropecuárias (BPA) e aumentar a eficiência com o uso de máquinas, equipamentos e mão de obra, possibilitando, assim, gerar emprego e renda, melhorar as condições sociais no meio rural e reduzir impactos ao meio ambiente.
O pesquisador da Embrapa Marcelo Dias Muller que apresentou como o iLPF foi inserido na Zona da Mata, em Minas Gerais, pontuou que as pesquisas têm demonstrado que é possível fazer a integração, inclusive em terrenos acidentados. Para o sucesso, o pesquisador destaca que é necessário que o “produtor faça o manejo acompanhado por técnicos capacitados”. No Brasil, o iLPF existe em quase todo os estados, com maior representatividade nas regiões Centro-Oeste e Sul. O pesquisador da Embrapa, Luiz Carlos Balbino, afirma as palavras chave da iLPF são diversificação e sustentabilidade. Ele afirma, que pesquisas no Paraná e em São Paulo, dentre outros estados, compravam que há um aumento na produção agrícola e na pecuária com a adoção do sistema.
Marcelo Suzart, que participou do evento como um dos moderadores, reforça que a adoção da integração dentro das propriedades também é uma alternativa para mitigar os efeitos do stress hídrico, vividos pelo Estado, e que nessa ação o principal protagonista é o produtor rural, principalmente pecuaristas. Ele também destacou a importância do Workshop no sentido de apresentar à sociedade como esse sistema pode dar certo.
“Com a inclusão de um componente florestal, o produtor aumenta a possibilidade de um microclima mais favorável à permanência da umidade no sistema produtivo dele, à infiltração de água no perfil do solo abastecendo os lençóis freáticos, à produção de madeira que agrega na renda da propriedade, à lavoura onde ele pode estar produzindo silagem nas áreas de pastagem, ou até mesmo outra cultura que também agrega valor a ele. São muitas vantagens”, afirmou o diretor.
O diretor técnico do Idaf, Júnior Abreu, pontuou que a produção de leite e gado de corte são importantes atividades do agronegócio capixaba, responsável por um terço do PIB do Estado. Ele também reforçou a importância do evento para instruir os produtores rurais a um modo de produção melhor.
“O Idaf tem trabalhado para estar presente em eventos como esse pela importância que o agronegócio tem para o Espírito Santo. Sabemos o momento difícil que passamos com a seca, então esse evento só tem a contribuir para que esse cenário melhore e para que esse tipo de crescimento sustentável aconteça”.
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