22/03/2018 13h24 - Atualizado em 22/03/2018 13h28

Dia Mundial da Água: orientações e tecnologias do Incaper contribuem para a conservação da água

Foto: Vanessa Capucho
“Preservar para não faltar”, essas foram as palavras do agricultor familiar Jair Littig, do distrito de Paraju, em Domingos Martins.

“Preservar para não faltar”, essas foram as palavras do agricultor familiar Jair Littig, do distrito de Paraju, em Domingos Martins. Essa consciência é fruto do trabalho do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) que, há anos, disponibiliza, por meio de ações integradas, várias técnicas e práticas conservacionistas que visam a aumentar a capacidade de armazenamento e disponibilidade de água no solo.

A propriedade do Jair tem 52 hectares e é exemplo de reservação de água. “Há muito tempo percebi que precisava fazer algo para preservar os recursos hídricos que existem na minha propriedade, hoje esse trabalho é recompensado. Passamos por uma seca severa nos últimos anos e não ficamos sem água”, disse Jair.

Ações como consorciamento, conservação de nascente, áreas de recarga de água, construção, manutenção de caixas secas e cobertura morta são exemplos de gestão eficiente da água que ele implantou há 20 anos. “Se todos os produtores fossem conscientes da importância de preservar a água, o maior bem que temos em uma propriedade, eles não passariam por dificuldades”, ressaltou o produtor.

Em uma propriedade é fundamental manter uma área de recarga como topos de morro e encostas, por meio de reflorestamento e preservação de florestas. “Essa área é uma parte importante na propriedade pois essa água será armazenada de um modo natural. A água da chuva não pode correr e ir embora o que acaba acontecendo em áreas muito limpas, terras sem vegetação e degradadas. É necessário que essa água se infiltre na terra, então a mata é a melhor forma disso acontecer. O resultado desse manejo da vegetação é que dá origem às nascentes, que é o principal ponto de concentração e acúmulo de água”, explicou o extensionista Mario Cesar Ewald.

Outra tecnologia importante é o uso de cobertura morta. “Hoje nós temos uma nova concepção de manejo de solo onde você utiliza a roçadeira deixando a vegetação crescer formando uma camada protetora dos raios solares. Evita também o impacto das chuvas mantendo a umidade”, disse Mario.

A sustentabilidade da agropecuária, na maior parte das propriedades agrícolas, é dependente da reservação de água para uso em períodos de escassez, o que é geralmente resolvido com a construção de pequenos reservatórios. Na propriedade do Jair foram construídas 15 caixas secas.  “Quando um produtor adota essa técnica ele está garantindo que a água não escorra para as estradas ou rios, ela fica retida e vai sendo absorvida devagar de forma gradativa para os solos”, disse o extensionista.

Outra técnica que o Jair adota na propriedade é o consórcio entre banana, mexerica, abacate e café. Com a diversificação nas lavouras é comum que o produtor faça algum tipo de consórcio. “O consorciamento é interessante especialmente quando se quer maximizar o aproveitamento da água disponível no solo ou do período chuvoso.  Outro ponto é o sombreamento que uma cultura pode fazer na outra, o que diminui a incidência de raio solar”, disse Mario.

Irrigação consciente

No distrito Ponto Alto, em Domingos Martins, o produtor rural Sidnei Strey da Penha também é consciente quanto à reservação de água. Ele utiliza dois tipos de irrigação para molhar os 200 pés de uva e mil pés de café que tem na propriedade, a irrigação por gotejamento e microaspersão.

A irrigação por gotejamento é uma técnica eficaz de molhar as plantas com a quantidade adequada de água por meio de tubos que ficam próximos às raízes, diferente de outros métodos, em que a irrigação é feita por toda a superfície simultaneamente, causando desperdício. “A finalidade é molhar o solo e, por isso, indicamos esses dois tipos de irrigação que economizam água, sem desperdício, ou seja, uma irrigação de acordo com as necessidades da planta”, disse o extensionista.

Na microaspersão a água é aplicada na área ocupada pelas raízes das plantas, formando um círculo molhado ou faixa úmida. Essa técnica é muito utilizada nos dias atuais, sendo muito aplicada na produção de frutíferas. Sidinei destaca que esse foi o melhor caminho para o sucesso da lavoura.  “Percebi a necessidade de economizar água na irrigação e vi que a produtividade aumentou, pois a água vai diretamente na planta”, disse.

Uso sustentável da água nas propriedades, garante o recurso no meio urbano

As ações na agricultura que visam à conservação da água tornam-se importantes não só para a produção agrícola, mas para a sociedade em geral. É importante frisar que as principais nascentes estão localizadas em áreas rurais, ou seja, as ações de conservação adotadas nas propriedades repercutem na disponibilização de água nos meios urbanos.

O Estado do Espírito Santo vem passando, nos últimos cinco anos, por extremos climáticos com excesso de chuvas em 2013 e secas em 2014, 2015 e 2016, sendo esses fenômenos de ocorrência histórica e de forma cíclica. Assim, é necessário ter estruturas de armazenamento e tecnologias de conservação de água, no primeiro caso para conter o excesso hídrico dos períodos chuvosos e suprir em períodos de escassez e para o uso sustentável do recurso. “Se usarmos a água de forma consciente na agricultura, ela nunca faltará para o consumo urbano”, finalizou o extensionista Mario.

Saiba mais sobre o uso sustentável da água nas propriedades em: https://www.youtube.com/watch?v=CbYshkmg0qA

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Texto: Vanessa Capucho
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