05/06/2017 13h50 - Atualizado em 08/06/2017 15h11

Incaper promove ações para a transformação de famílias rurais

Foto: Tatiana Caus/Incaper
Dona Joana Maria de Souza Silva, de 54 anos possue posse da terra como meeira, na comunidade rural de São José. Ela foi contemplada pelo PBSM na área de horticultura e Inserção na Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar e por isso, sua propriedade foi readaptada de forma sustentável.

Um projeto de inclusão socioeconômica rural com sustentabilidade, que teve início em 2013, transformou a vida e a infraestrutura produtiva de famílias de Divino São Lourenço, no Sul do Espírito Santo, por meio do Programa Brasil sem Miséria (PBSM). A implantação dos projetos teve como meta atender a 24 famílias com, aproximadamente, 100 pessoas envolvidas em extrema pobreza no município.

Dentre as finalidades das ações que foram executados, está a melhoria da alimentação das famílias a partir da produção de hortaliças, feijão, milho, criação de galinhas para produção de carnes e ovos, bem como aumentar a renda da família por meio da maximização da mão-de-obra e diminuição dos custos de produção com a aquisição de máquinas, potencialização da produtividade das lavouras com insumos adequados, diversificação de atividade não agrícola com corte e costura com a aquisição de máquina para as atividades, bem como a abertura do mercado e comercialização dos produtos da agricultura familiar, a partir de novos meios de transporte para a melhoria da logística de vendas e participação da feira dos agricultores familiares do município.

Para que o projeto tomasse forma, foi lançada a mão de metodologias preconizadas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que foram executadas de forma participativa como a elaboração do retrato social do município, ponderando o seu aspecto socioeconômico por meio do cadastro do Centro de Referência Ação Social (CRAS), busca ativa para a localização das famílias em situação de extrema pobreza, seleção a partir de um diagnóstico familiar, emissão de documentos necessários para a participação no projeto, elaboração do projeto, enfatizando as condições de cada realidade familiar, capacitação e formação das famílias, monitoramento das atividades. A avaliação será realizada durante o mês de dezembro deste ano.

O município localiza-se no território da Cidadania do Caparaó e, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 10,34% da população encontra-se em regime de extrema pobreza. Além disso, dados do consórcio Caparaó indicam que 76% dos agricultores são analfabetos ou possuem ensino fundamental incompleto e mais de 60% da população divinense reside no meio rural com uma renda média per capita de R$ 383,78, e isso faz com que grande parte das famílias rurais encontrem-se em situações de vulnerabilidade econômica e psicossocial. A partir deste cenário, o objetivo foi realizar ações de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para superar a pobreza rural.

Exemplo de beneficiários do programa, dona Joana Maria de Souza Silva, de 54 anos e Adilson Félix de Oliveira de 51 anos possuem posse da terra como meeiros, na comunidade rural de São José. Eles foram contemplados pelo PBSM na área de horticultura e Inserção na Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar. A família é composta por três filhos: Jaqueline (20 anos), Guilherme (13 anos) e Romário (18 anos). No local, eles cuidam da horta com esterco de galinha, de gado e sem qualquer tipo de agrotóxicos; até mesmo a alimentação dos porcos, feita com resto de hortas, comidas feitas em casa ou fubá.

Nesse caso, a propriedade foi readaptada de forma sustentável nos aspectos socioambientais e econômicos, visando o aumento de renda, aumento da área de exploração da atividade de horticultura, culturas alimentares e fruticultura, bem como práticas conservacionistas nas atividades da propriedade e a melhoria da segurança alimentar e nutricional a partir do aumento e diversificação do consumo de verduras.

“Começamos só com uma pequena hortinha. Depois fomos orientados a plantar mais, de maneira correta e sustentável. Hoje consigo pagar a minha energia, fazer algumas compras e até consegui comprar uma bicicleta para vender os meus produtos. Até a nossa convivência melhorou. A nossa vida já mudou, graças a Deus. Tem que acreditar, né?”, relatou dona Joana. Os filhos sempre ajudam ela no cultivo das hortas e a produção de cafés. 

Outra família beneficiada foi a de dona Maria Aparecida, mãe de Afonso de apenas três anos, Maria Eduarda (12 anos) e Willian (15 anos), moradores da na comunidade de São Maurício. O projeto em questão se destacou em relação às outras 24 propriedades porque houve uma diversificação em relação as outras estruturações produtivas, com a aplicação do artesanato e corte e costura por intermédio da compra de duas máquinas para dar início as atividades. Por lá são costuradas roupas simples, porém variadas, que ela faz em uma pequena área do lado de fora da casa; blusinhas, colchas, jogos de cozinha, tapetes, bordados, toalhas e artesanatos em geral.

“Já tenho minhas clientes fiéis por aqui. Uns até trazem os tecidos de presente pra eu trabalhar, ou vem aqui em casa me pedindo algum acerto nas roupas. O pouco que eu sei, passo para os meus filhos irem me ajudando. Meu próximo passo é fazer roupas de ginástica”, contou emocionada.

Ela também cuida com muito carinho de uma horta bem variada no quintal de casa, com couve, alface, almeirão, espinafre, taioba, chicória, vagem, abóbora e pepino – todos cuidados apenas com adubo orgânico como o capim picado ou os restos de comida da casa deles. Foi a família Pirovani que, há quatro meses, cedeu um pequeno espaço para a família.

Segundo o extensionista do Incaper, que já trabalhou no escritório local, Ricardo Eugênio Pinheiro, a família sempre foi incentivada a inserir os seus produtos em outros comércios locais também. A Joana começou de casa em casa e depois na feira de comercialização dos produtos da agricultura familiar do município, onde recebe o ticket feira repassado pela prefeitura municipal aos servidores municipais para ser trocado por produtos com os feirantes, o que incrementou a renda da família”, contou.

De acordo com extensionista e chefe do escritório local do Incaper no município, Roberto Sobreira, além de promover a melhoria da infraestrutura nas propriedades, a capacitação técnica dos beneficiários aumentou a produção agroecológica, ocorrendo o crescimento sustentável das famílias. “Ações como estas pode acontecer com êxito, desde que haja comprometimento de parceiros com a causa porque pequenos recursos modificam a realidade das famílias envolvidas. Acreditamos que ações assim podem ser realizadas pelo intermédio de políticas municipais com grande sucesso, baixo custo para o orçamento do município e com grande impacto socioeconômico para os participantes”, salientou Ricardo Eugênio. 

Tais transformações só foram possíveis graças a parceria entre o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA); Secretaria Especial de Agricultura Familiar de Desenvolvimento Agrário (Sead); Ministério de Desenvolvimento Social (MDS); Centro de Referência de Assistência Social (CRAS); Secretaria de Estado da Agricultura, Aquicultura, Abastecimento e Pesca (Seag), por meio do Incaper; Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEADH); Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS); Secretaria Municipal de Agricultura e Prefeitura Municipal de Divino São Lourenço por meio da Secretaria Municipal de Ação Social.

O projeto em questão foi vencedor classificado em 3º lugar na categoria ATER, durante o evento do Prêmio Destaque Incaper 2016.

Assessoria de Comunicação do Incaper

Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre – luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Tatiana Caus – tatiana.souza@incaper.es.gov.br
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Texto: Tatiana Caus

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