Em uma ação inédita no Brasil, foi realizada na última quarta-feira (21), em Vila do Riacho, município de Aracruz, com apoio da Prefeitura a terceira atividade prevista de cadastramento de pessoas que desejam obter carteirinha para coletores de pimenta-rosa do Espírito Santo. Atualmente já são mais de 250 cadastros feitos, com o objetivo de organizar o público envolvido na cadeia produtiva da aroeira, espécie de árvore cujos frutos, conhecidos por pimenta-rosa, tanto em áreas nativas ou de plantios comerciais são comercializados normalmente para indústrias de exportação existentes no Estado.
O cadastramento deve continuar a ocorrer em diversas comunidades do Estado e consiste no preenchimento de formulários com informações e apresentação de documentos pessoais, foto e também dados da produção e coleta de pimenta-rosa. As carteirinhas de coletor podem ser entregues a todos os extrativistas e/ou produtores que fazem o cadastro junto ao Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), sendo este o órgão responsável por elaborar os laudos de caracterização de áreas de coleta e encaminhar ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) juntamente com a documentação e as fichas já preenchidas e assinadas pelos coletores(as).
Por fim, os números de registro dos coletores são gerados e retornam para a coordenação de Recursos Naturais do Incaper que mantém um banco de dados dos cadastros e providencia as carteirinhas gratuitamente.
De acordo com a coordenadora de Recursos Naturais do Incaper, a extensionista Fabiana Ruas, estima-se que existam mais de 1.200 pessoas envolvidas na cadeia produtiva, grande parte com as atividades sendo exercidas de maneira informal, que têm na colheita da pimenta-rosa uma fonte de renda excelente durante esse período de produção.
“O cadastramento, viabilizado pelo Projeto Aroeira, aprovado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES), que faz parte do Banco de projetos da Seag, nos dá a real informação de quantas são, quais são e onde estão as pessoas, ou seja, identifica as pessoas que trabalham com aroeira, nos fornecendo um diagnóstico dessa cadeia produtiva, além de colaborar com o reconhecimento da atividade e estimular os órgãos a oficializar a cadeia produtiva para nortear políticas públicas, investimentos e financiamentos no setor trazendo dignidade e legalidade ao povo que sempre esteve ‘escondido’ e à margem da sociedade”, reforçou.
De acordo com a extensionista, as carteirinhas também são um indicativo de que as pessoas coletoras dos frutos da aroeira têm buscado se qualificar com os cursos de capacitação, eventos, encontros promovidos pelo Incaper e parceiros, além de almejarem a melhoria da qualidade do produto final, melhor comercialização, alcançarem selos de qualidade – como a Indicação Geográfica-IG para quem está em São Mateus – de se organizarem na atividade e fazerem parte de grupos, tais como associações e cooperativas, o que respalda o trabalhador mesmo que informal no período de safra da pimenta-rosa.
Segundo Fabiana Ruas, levando em consideração que, em 2023, o quilo da pimenta-rosa chegou a custar 12 reais, este ano pode chegar a 18 reais, dependendo da qualidade alcançada do produto, com a organização e seleção dos frutos.
“Mas não significa que o coletor pode colher de qualquer maneira em qualquer lugar. Pelo contrário, essa condição traz ainda mais responsabilidade para colher com sustentabilidade, fazendo a poda correta no momento da colheita, no tempo certo da planta, respeitando o meio ambiente e ponto certo de maturação dos frutos e buscando uma comercialização mais justa”, explicou.
A próxima safra da aroeira terá início no final de abril e início de maio, sendo muito importante que os produtores e extrativistas já estejam devidamente cadastrados e com sua carteirinha em mãos. Quem tem interesse em se cadastrar deve buscar o Incaper.
Texto: Tatiana Toniato Caus
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