O Projeto Dom Helder Câmara foi apresentado oficialmente na tarde desta quarta-feira (16), no auditório da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em Linhares. O projeto pretende transformar a realidade do semiárido capixaba com ações de combate à pobreza e à extrema pobreza através do desenvolvimento rural sustentável, visando a melhoria da qualidade de vida e autonomia de mais de 60 mil famílias do Brasil assistidas.

O Projeto Dom Helder Câmara é uma política pública criada em 2001, a partir de um acordo de Empréstimo Internacional firmado entre a República Federativa do Brasil e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). O projeto atendia a seis Estados do Nordeste e foi ampliado para atender as famílias em 11 Estados: Pernambuco, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Maranhão.

Diante disso, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) irá ampliar, intensificar, e qualificar as ações de assistência técnica e extensão rural (ATER) para atendimento do público-alvo.

Segundo a coordenadora do Projeto Dom Helder no Incaper e Gerente de Integração e Acompanhamento de Projetos da instituição, Pierângeli Aoki, o objetivo é que o Incaper atenda a 1.008 famílias de agricultores familiares e pescadores artesanais, situados em 20 dos 28 municípios abrangidos pela região da SUDENE capixaba, priorizando os agricultores familiares em situação de extrema pobreza.  

Segundo Pierângeli, o projeto começou a ser executado no Espírito Santo em novembro de 2017 e tem vigência até abril de 2020. Já são 87 técnicos do Incaper atuantes no projeto e parte deles já participaram de capacitação promovida pela Anater. “Do total de famílias, mais de 400 já foram cadastradas e já estão sendo atendidas por meio de diagnósticos participativos executados pelos técnicos locais do Incaper”, explicou.

Os cadastros das famílias estão sendo feitos simultaneamente ao diagnóstico das mesmas para que o processo de início das atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). “É uma missão difícil do ponto de vista institucional porque não temos a cultura de trabalhar com a extrema pobreza, portanto esse enfrentamento dessa quebra de paradigma ao mesmo tempo que nos emociona, nos desafia porque é um processo que virá ao longo de nossas vivências”, lembrou o extensionista do escritório local do Incaper em Conceição da Barra, Felipe Vila boas.

“Não é difícil reconhecer que, para Dom Helder Câmara, a defesa dos direitos humanos passa pela defesa dos pobres. Tenho certeza de que iremos alavancar a qualidade de vida dessas famílias. Em nome do Incaper, reforço que os nossos técnicos estão mais que preparados para acompanhá-los e resgatar a dignidade dessas pessoas que estão por vezes invisíveis a sociedade”, salientou a Diretora Presidente do Incaper, Nara Sthefania Tedesco.

“Quando falamos de famílias em pobreza e extrema pobreza devemos lembrar que são famílias numerosas e que geralmente estão longe da Sede do município, as vezes não têm água para tomar, ou condições higiênicas básicas, muitas vezes analfabetos, entre outros fatores que por vezes são difíceis de dimensionarmos. Por isso, não podemos deixar escapar olhar generoso do poder público para que chegue de fato até essas pessoas”, lembrou o extensionista do Incaper e atual assessor de projetos da Vice Governadoria do Estado, Luiz Carlos Bricalli.

O projeto é apoiado pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), gerido pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) e executado pelo Incaper, em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), pela Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), Prefeituras Municipais e suas Secretarias de Assistência Social e de Agricultura.

 “Atualmente o Brasil tem mais de cinco milhões de famílias da Agricultura Familiar, o que totaliza mais de 20 milhões de agricultores familiares. Pensando nisso, o extensionista está em todo o lugar do campo, mas as vezes eles mesmos não conseguem chegar nessas pessoas, uma vez que elas estão distantes, isoladas. Esse trabalho vem de encontro a esse resgate. Que consigamos chegar até as pessoas que estão em extrema pobreza e que possamos levar todo o arcabouço de nossas políticas, a fim de minimizar o sofrimento dessas famílias”, afirmou o Delegado Federal de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco e coordenador Nacional do Projeto Dom Helder Câmara, Rodrigo Chaves de Almeida.

“Aproximamos todos os parceiros e identificamos as famílias. Essa é uma missão valorosa. Outro dia estivemos em Alfredo Chaves visitando alguns agricultores familiares e a fala deles quanto à importância dos técnicos do Incaper é de emocionar. Sabemos a importância do trabalho deles, a partir do momento em que começamos a desenvolver projetos deste porte”, colocou a Secretária da Setades, Clarice Imperial.

O Delegado da Sead no Espírito Santo, Rafael Lima, comemorou o andamento do projeto e enalteceu as parcerias e, dentre elas, o Incaper. “Agradeço a todos que foram parceiros nessa luta. Foi muito difícil trazer esse projeto para o Espírito Santo, mas não foi impossível. Agradeço imensamente a coordenação do Dom Helder no Incaper que batalhou junto à nós para que tudo acontecesse. Agora vamos ao trabalho”, comemorou.

Também participaram do evento os representantes da Prefeitura Municipal de Linhares, Secretaria de Agricultura Municipal e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Por quê DOM HELDER?

Dom Helder Pessoa Câmara nasceu em Fortaleza, no dia 7 de fevereiro de 1909 e faleceu no dia 28 de agosto de 1999, em Recife, aos 90 anos. Por sua luta pelos direitos humanos, justiça e contra o autoritarismo, foi indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz.

“ O maior dos mandamentos é amar a Deus de todo coração, mas há um mandamento igual que é amar o próximo”, dizia ele.

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Texto: Tatiana Caus 

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