A safra de conilon está se formando e a broca-do-café começa a ameaçar as lavouras do Espírito Santo. Diante disso, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) adverte: este é o momento ideal para fazer o controle da principal praga dos cafezais.
“A broca é um besourinho que ataca o grão verde completamente formado, conhecido como chumbão. Ataca também os frutos em maturação, maduros e secos. Nesta época, a broca ainda está na coroa do fruto e não conseguiu penetrar até a semente. Por isso, esta é a época ideal para fazer o controle. Depois que ela entra na semente, não tem inseticida atualmente registrado que a alcance”, disse Cesar José Fanton, entomologista do Incaper, lembrando que esse período favorável para o controle se estenderá por cerca de 10 a 15 dias.
Antes de fazer o controle da broca, o cafeicultor deve verificar a incidência da praga. “Se for constatada a presença da broca em 3% dos frutos mais desenvolvidos (chumbões), o cafeicultor pode fazer o controle. Vale ressaltar que a atenção ao momento da aplicação e as boas práticas na hora de pulverizar a lavoura são aspectos tão importantes quanto a qualidade do produto escolhido, que pode ser recomendado por um engenheiro agrônomo”, acrescentou Fanton.
A broca-do-café perfura a semente e deposita seus ovos. As larvas se alimentam daquela semente e os grãos ficam completamente comprometidos. Um ataque de broca pode reduzir de 10% a 20% da produção, além de afetar a qualidade do café. “Quanto mais grão brocado, mais defeito tem o café e mais baixo fica o preço no mercado. A broca frustra um negócio que poderia ser promissor”, destacou.
Em trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo Incaper, foi constatado o aumento da população da broca-do-café nas lavouras capixabas. A alta incidência da broca está relacionada com as condições do tempo, entre outros fatores. “A seca severa que ocorreu no Espírito Santo de 2014 ao início de 2017 foi desfavorável à ocorrência de diversas pragas na cultura do cafeeiro. A renovação das lavouras, a regularização das chuvas e o aumento da produção este ano foram algumas das condições favoráveis ao aumento da população da broca dos frutos”, explicou Renan Queiroz, que também é entomologista e pesquisador do Incaper.
“As lavouras abandonadas ou talhões pouco produtivos que não foram colhidos na safra passada e a ocorrência de chuvas acima da média nos meses considerados de seca este ano, entre maio e agosto, favoreceram o aumento da população da broca nos frutos. Agora ela está migrando, na chamada ‘época de trânsito’, quando a broca abandona os frutos em que se desenvolveu e procura frutos novos para se multiplicar”, detalhou Renan.
Para reduzir os danos provocados pela broca-do-café, o agricultor deve fazer a colheita bem-feita, preferencialmente, de forma seletiva; não deixar lavouras ou talhões sem serem colhidos, mesmo os de baixa produção; eliminar cafezais abandonados; monitorar a população da broca na época de trânsito e durante a safra; fazer o controle químico, se necessário, por talhões. Se o cafeicultor tiver alguma dúvida a respeito da incidência da broca-do-café na lavoura, deve procurar o Escritório do Incaper do município onde mora.
Folder
O folder “Manejo da Broca-do-Café”, lançado pelo Incaper e disponível na Biblioteca Rui Tendinha traz, de forma simples, orientações importantes para os produtores rurais, como manejo ecológico, monitoramento, controle biológico e químico, além da importância econômica relacionada à qualidade dos grãos de café, incluindo os cafés especiais. A publicação é fruto do trabalho dos autores e pesquisadores do Incaper: Maurício José Fornazier, Renan Basta Queiroz, César José Fanton, David dos Santos Martins, José Salazar Zanuncio Junior e Vera Lúcia Rodrigues Machado Benassi, além do engenheiro agrônomo da Cooabriel, Perseu Fernando Perdoná.
Texto: Juliana Esteves, Tatiana Toniato Caus
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