O município de Barra de São Francisco sediou, nos dias 2 e 3 de julho, o I Encontro da Cadeia Produtiva do Café Conilon. O evento foi realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) em parceria com a Prefeitura de Barra de São Francisco e reuniu 345 pessoas, entre produtores, técnicos, pesquisadores, comerciantes, corretores de café, empresários, torrefadores, degustadores, estudantes e outros interessados.
O diretor-técnico do Incaper, Nilson Araujo, participou do evento, que descreveu como um momento muito importante para a interação entre os diversos elos da cadeia produtiva da cafeicultura de conilon, especialmente com os jovens. “O objetivo foi justamente despertar os cafeicultores para a modernização da cafeicultura, a ampliação do parque cafeeiro e a adoção das novas tecnologias visando o aumento não apenas da produtividade, mas principalmente da qualidade”, disse.
Além de discutir aspectos técnicos relacionados à cafeicultura de conilon na região, o evento intercalou palestras com momentos empresariais, de negócios, mesas redondas e café com prosa.
O produtor Alexandro Pereira Batista, de Água Doce do Norte, levou o café que produz para ser degustado pelos participantes. Outros cafeicultores da região fizeram o mesmo, a fim de atestar a qualidade do produto que cultivam. Empresas e instituições também se apresentaram nos dez estandes montados no evento.
No primeiro dia do encontro, o pesquisador do Incaper, Paulo Volpi, ministrou palestra técnica “Aumento da Produtividade Cafeeira, Implantação e Manejo das Lavouras”. O extensionista do Incaper, Welington Marré, abordou a “Poda Programada de Ciclo”, e o engenheiro agrônomo Elio José dos Santos falou sobre as “Tecnologias de Conservação de Água e Solo”.
“Tem gente que investe num adubo mais caro, por exemplo, e erra na hora da poda, da desbrota, dos cuidados na fase de produção. Aí o investimento dele vai todo embora. A palestra do Elio também foi muito boa. Ele é um colega nosso, aposentado do Incaper, com mais de 30 anos de experiência, e falou sobre as caixas secas e outras técnicas que ajudam a conservar a água no solo. Guardar água na terra tem melhor resultado e menor custo”, disse Alexandre Neves Mendonça, extensionista do Incaper em Barra de São Francisco que ajudou na coordenação do evento.
O segundo dia também foi marcado por informações técnicas. O extensionista do Incaper João Luiz Perini abordou a “Qualidade do café conilon, classificação para tipo e bebida”. Teve também palestra sobre mercado e culinária do café. O pesquisador do Incaper José Altino Machado Filho falou sobre a “Degustação de café”.
“O Altino fez uma prática de degustação com 180 pessoas. A metodologia que ele usou foi a seguinte: colocar um pouquinho de café pra cada um e explicar sobre o aroma, onde o degustador sente os sabores, o que é bom e o que é ruim na bebida... foi muito bacana”, disse Alexandre Neves Mendonça.
A cafeicultura em Barra de São Francisco
O município de Barra de São Francisco possui mais de 90 mil hectares de extensão, sendo 6 mil hectares destinados à cafeicultura de conilon. Apesar de apresentar bons índices pluviométricos, locais adequados para a construção de barragens e outras características, alguns cafeicultores do município não aplicam as tecnologias disponíveis, desenvolvidas ou recomendadas pelo Incaper. Com isso, a média de produtividade de Barra de São Francisco ainda é baixa.
“Nosso município tem potencial, tradição e todos os ingredientes para fazer sucesso na cafeicultura. Tem bons viveiros, produtores com médias altíssimas de produtividade, bem acima da média estadual. Nosso objetivo é tornar isso maciço entre os cafeicultores, aumentando a média de produtividade do município inteiro e melhorando a qualidade do café cultivado aqui”, disse o extensionista do Incaper.
Alexandre Neves Mendonça ainda descreveu a importância do evento, que empolga o produtor desanimado com a queda do preço do produto. “Este evento é um desejo antigo do nosso colega Edson Pacheco, aqui do Incaper de Barra de São Francisco. Hoje o preço está baixo, mas a cafeicultura é assim: amanhã volta a subir. Então é sempre importante cuidar da lavoura, porque na hora que o preço estiver melhor, o produtor vai ter café de qualidade para vender por um preço melhor ainda. E quando um produtor questiona a gente se vale a pena investir no café, a gente sempre responde que vale, sim. Com certeza! A gente nunca desanima da cafeicultura. Aplicar as tecnologias adequadas, a técnica certa e fazer a contabilidade direitinho é a receita do sucesso”, pontuou.
Texto: Juliana Esteves
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