29/08/2016 16h58 - Atualizado em 29/08/2016 17h22

Benefícios e uso das plantas medicinais é tema de palestra do Incaper

A Bióloga e Especialista em Ecologia e Recursos Naturais, Fabiana Gomes Ruas ministrou a palestra sobre benefícios e uso das plantas medicinais.

Os benefícios proporcionados pelas plantas medicinais, aromáticas, condimentares e as nutracêuticas, e os seus usos tradicionais, foi tema da palestra ministrada pela Bióloga e Especialista em Ecologia e Recursos Naturais, Fabiana Gomes Ruas. O evento - que aconteceu na sexta-feira (26) - reuniu mais de 40 pessoas na sede do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

A palestra surgiu de uma demanda do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional de Povos de Tradição de Matriz Africana, por meio da Associação Mão na Massa, da comunidade de Jesus de Nazaré, em Vitória.

Segundo o coordenador do fórum intermunicipal da “Matriz Africana”, Carlos José Cabral – conhecido por Carlos D’odê – na associação são feitos diversos atendimentos quanto à saúde dos seus membros. A comunidade necessitava – além do conhecimento popular sobre os chás e xaropes – de uma instituição renomada para mais orientações. “Certa vez nós curamos a gripe de uma criança apenas com o uso de casca da tangerina. A medicina também tem as suas crenças e precisamos nos respaldar com a pesquisa”.

Noções de época de colheita, secagem, armazenagem, identificação e utilização de algumas espécies em sistemas orgânicos, nomes científicos das plantas, modo de preparo das plantas medicinais, dosagem, posologia, riscos, cuidados e identificação de plantas tóxicas, além de dicas de prevenção de acidentes com plantas medicinais, também fizeram parte do conteúdo da palestra, por meio de uma apostila atualizada por todos os integrantes.

Fabiana iniciou a palestra com uma breve explicação sobre o conceito de sociobiodiversidade. Segundo ela, são todos os bens e serviços gerados da natureza, que incluem em alguma etapa da cadeia produtiva, as práticas e saberes dos povos e das comunidades tradicionais e agricultores familiares. De acordo com a bióloga, a procura por produtos naturais é uma tendência mundial, especialmente na busca por pessoas com algum tipo de debilidade. Ela ressaltou, ainda, que neste modelo é fundamental que as plantas estejam livres de agroquímicos, seguindo a cultura de uma agricultura agroecológica.

“Atualmente o mundo segue extraindo o que a natureza oferece, e devemos pensar na forma sustentável de exploração das espécies, ou seja, de como podemos repor tais recursos. A área nativa de uma propriedade rural  não é uma área perdida, uma vez que você pode usá-la da melhor maneira e ainda obter renda”, explicou.

A especialista contou que tudo começou com um diagnóstico feito em 2008, com uma abordagem inovadora da agricultura familiar, com o desenvolvimento de ações voltadas para quatro linhas de ação: renda e preservação dos produtos da sociobiodiversidade – Juçara, Sapucaia e Aroeira (Mata Atlântica) – plantas medicinais e fitoterápicos, produtos orgânicos e comércio justo e solidário.

O objetivo do então projeto foi oferecer aos técnicos do Incaper, bem como os agricultores familiares, um maior contato na inserção da cadeia produtiva de plantas medicinais, como mais uma alternativa de renda e de uso dos recursos naturais, com viabilidade ambiental, social e econômica.

Projetos

O Projeto Sapucaia chamou a atenção dos participantes, por envolver o desenvolvimento de técnicas para facilitar a produção de material propagativo de melhor qualidade e redução do tempo entre plantio e início da produção de frutos, com testes de germinação e no laboratório de sementes da Fazenda Experimental do Incaper, em Linhares, e ainda banco genético e técnicas de enxertia e clonagem, implantadas na Fazenda Experimental Jucuruaba (FERC), em Viana.

O tratamento com o óleo da sapucaia – projeto de pesquisa desenvolvida em parceria entre Incaper e Universidade de Vila Velha (UVV) – por exemplo, já é usado para curar feridas. A sapucaia também é um ingrediente especial da produção de pães, tortas, cockies, sorvetes, granolas e até molho para carnes. “Estudos com a produção de manga, por exemplo, fizeram com que a época dos frutos caísse para apenas seis anos. Por que não com a Sapucaia? Se temos a disponibilidade e o conhecimento, devemos intensificar as pesquisas com as nossas plantas nativas. O futuro é logo mais”, reforçou a bióloga Fabiana.

Ela também lembrou sobre os estudos já realizados sobre a enxertia das seringueiras, que a partir das pesquisas tiveram o seu tempo de realização adiantado, facilitando a vida do agricultor familiar.

Em Alto Rio Novo do Sul a polpa dos frutos da Palmeira Juçara é uma nova opção de renda para os produtores e, além disso, são outros benefícios que são trazidos ao produtor rural a partir das plantas medicinais, como os cosméticos, produtos de higiene pessoal, artesanatos, fitoterápicos, vitaminas e suplementos, alimentos funcionais, produtos desportivos, entre outros.

Futuro

Entre os principais desafios da atualidade estão: buscar, cada vez mais, parceiros para o desenvolvimento de pesquisas neste ramo; “domesticar” as espécies para recomendações agronômicas e agregação de valor às culturas, respeitando a sua composição química; futuras disponibilizações de material genético propagativo de qualidade validada, ou de boa procedência, e intensificar a demanda destes produtos no mercado nacional e internacional, bem como potencializar os estudos que possibilitem o cultivo e manejo de forma sustentável das espécies.

Segundo Fabiana Ruas, o Incaper busca intensificar parcerias com outras instituições de ensino e pesquisa, e entidades civis organizadas, no sentido de alcançar a certificação e a validação dos produtos da natureza que já são qualificados. “Cada produto deve ser trabalhado de uma forma diferente, respeitando os seus princípios químicos. Devemos atuar todos juntos pela união do conhecimento popular e da ciência”, afirmou a farmacêutica, professora da Emescan, Maria Diana Sales, que esteve presente no evento.

As colegas Ivone Corrêa, Zélia Dalvi e Cláudia Miranda – que estão há mais de cinco anos na Pastoral da Saúde da Grande Vitória – foram aprimorar os seus conhecimentos quanto à fitoterapia. Elas relataram que são feitos atendimentos em reeducação alimentar, fitoterapia e também atendimento bioenergético – prática médica alternativa para diagnóstico – com foco em famílias mais carentes em atendimento à saúde, como os diabéticos, pessoas com câncer e até pessoas depressivas. “Os resultados são inacreditáveis e muito positivos. Hoje, acredite se quiser, a própria medicina tradicional tem se interessado em buscar os fitoterápicos’’, reforçou Zélia.

Algumas curiosidades:

Recomendações

- A colheita das plantas, em determinado ponto, tem o intuito de obter o máximo de seu princípio ativo, no entanto, a maioria das vezes não impede que as plantas sejam colhidas antes ou depois do ponto de colheita para o uso imediato. “O maior problema da colheita inadequada é a redução do valor terapêutico e/ou predominância dos princípios tóxicos”, explicou Fabiana;

- Deve-se ter o cuidado para não amontoá-las e não amassa-las quando colhê-las, para não acelerar a degradação e perda de qualidade;

- Evitar a colheita de plantas doentes, com manchas, secas, com buracos causados por insetos, com ferrugens e mofados;

- Deve-se evitar a incidência de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente flores e folhas;

- Deve-se evitar a retirada de todas as folhas de um galho;

- Devem ser retirados pequenos pedaços apenas de um dos lados do tronco de cada vez, para evitar a morte da planta;

Secagem

- A secagem das plantas deve ser iniciada imediatamente após a colheita e no mesmo dia. Somente raízes e rizomas podem ser lavados após serem colhidos. Salvo os casos em que as folhas estiverem sujas, é feita uma lavagem rápida com água limpa e – logo em seguida – uma agitação branda dos ramos, para eliminar a maior parte da água da superfície da planta.

- Secar na sombra e em local arejado, livres de poeiras e insetos. A duração em média é de três a dez dias. As folhas carnosas levam mais tempo para secar do que as finas. Raízes inteiras grossas levam até quinze dias. Elas podem ser expostas ao sol durante algumas horas, mas depois devem acabar de secar a sombra.

- Lembrando que, o consumo das plantas medicinais frescas garante a ação mais eficaz dos princípios curativos, entretanto a secagem possibilita a conservação quando bem conduzida.

Armazenagem

- Depois das secas, as plantas devem ser guardadas em caixas de papelão ou em embalagens que não deixem passar a luz, bem fechadas e guardadas em local fresco. Também devem ser rotuladas, com o nome da planta e data da colheita.

- É importante guardar fora do alcance de crianças ou pessoas que não sabem sobre a manipulação das plantas.

 

Informações à imprensa:

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Texto: Tatiana Caus

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Tópicos:
plantas, medicinais, uso
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