O café conilon sempre foi uma boa fonte de renda para o agricultor Eraldo Permanhane. Ele herdou o ofício da família, iniciado há cerca de 150 anos por seu bisavô, imigrante italiano. No ano de 2011, após a participação de um seminário realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o cafeicultor saiu decidido a cultivar citros na propriedade dele, localizada em Pedra Lisa, distrito de Burarama, em Cachoeiro de Itapemirim.
“Não conhecia nada de citros e um dia recebi o convite para participar de um encontro do Incaper, com três dias de palestras. Saí de lá decidido a pegar uma área aqui e fazer uma plantação de citros, a qual me dediquei para ter uma produção durante todos os meses do ano, com o plantio de variedades precoce das mais tardias”, disse Eraldo Permanhane.
Com a esposa, a agricultora familiar Vânia Permanhane, eles plantaram 1.660 mudas de diferentes espécies de citros: laranjas, limão e tangerinas, com o intuito de produzir frutos durante o ano todo e diversificar a produção e a renda. A colheita comercial foi iniciada em 2014, quando a produção dos citros se efetivou.
“A produção diversificada faz com que a gente tenha um controle maior para ter uma renda anual. Porque em um ano o café produz 100%, no outro ano ele cai para 70%. Mesma coisa os citros, um ano ele te dá três caixas por pé, no outro ano ele te dá duas caixas. Então, uma produção compensa a outra. Os preços também oscilam muito e a diversificação nos dá maior garantia de ter uma renda mensal certa”, ressaltou o agricultor.
Os citros normalmente têm a produção iniciada no mês de março, com os materiais de laranja precoce, e pode ir até dezembro, com os materiais de meia-estação e tardios, sendo essa a forma de cultivo da família Permanhane, que representa uma inovação na região, conforme relatou o pesquisador em fruticultura e coordenador de Produção Vegetal do Incaper, Marlon Dutra Degli Esposti.
A família Permanhane produz as variedades de laranjas: Valência, Pera IAC e Jetibá, Salustiana e Lima. O limão produzido é o Tahiti. Já as variedades produzidas de tangerina são: Ponkan e a Montenegrina.
“Boa parte dos materiais genéticos de café e citros, utilizados pelos agricultores familiares, foram desenvolvidos e lançados pela Pesquisa do Incaper. O Instituto também tem um trabalho ativo com a família em projetos de proteção de nascentes, desenvolvidos na propriedade por meio da Assistência Técnica e Extensão Rural do Instituto”, pontuou Esposti.
“Quando a produção apresenta uma doença, quando queremos fazer uma plantação diversificada ou pegar os melhores clones, tanto de citros quanto de café, o Incaper só tem a somar. Toda a orientação a gente busca no Incaper de Cachoeiro. A gente sabe trabalhar, mas às vezes, por exemplo, não sabe fazer o cálculo para adubar a lavoura. Hoje, pela experiência adquirida pelo Incaper e pelas palestras, conseguimos melhorar a nossa produção”, destacou o produtor Eraldo Permanhane.
Texto: Andreia Ferreira
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