25/09/2024 10h25 - Atualizado em 25/09/2024 14h24

Intercâmbio tecnológico com Madagascar para melhorar qualidade da pimenta-rosa capixaba

Tecnologias de produção que tornam Madagascar uma referência mundial em qualidade e exportação de pimenta-rosa foram compartilhadas com o Espírito Santo, por meio de um projeto do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Pesquisadores da instituição fizeram uma excursão técnica ao país africano, neste mês, para conhecer práticas que podem agregar valor e ampliar a competitividade da especiaria capixaba no mercado internacional.

A visita técnica foi realizada por meio do projeto “Validação de tecnologias sustentáveis a partir de Unidades de Referência para qualificação da aroeira (Schinus terebinthifolia Raddi) e agregação de renda nas comunidades rurais”, coordenado pela pesquisadora Fabiana Ruas.

“Nosso principal objetivo foi entender como Madagascar alcançou alta qualidade em pimenta-rosa, fruto da aroeira, que é uma espécie nativa do Brasil introduzida na ilha africana. Trazer esses conhecimentos para o Espírito Santo é estratégico para o estado, que é o maior produtor e exportador de pimenta-rosa do País, mas ainda pode evoluir bastante em qualidade, para valorizar e alavancar o produto no mercado externo, melhorando a remuneração de produtores e outros agentes da cadeia produtiva”, explica a pesquisadora.

Em Tolagnaro (Fort-Dauphin), principal região produtora de pimenta-rosa de Madagascar, os pesquisadores visitaram áreas de produção e se reuniram com produtores rurais, representantes de cooperativas de produtores, de empresas exportadoras e do órgão oficial de assistência técnica.

“Conhecemos os materiais genéticos de aroeira que eles usam, as estratégias de manejo, a poda e o espaçamento das plantas, bem como técnicas de colheita e pós-colheita, incluindo a classificação do produto para o mercado internacional. Algumas das recomendações técnicas para a cultura já são usadas no Espírito Santo, outras, nós vamos poder adaptar, ajustar ou introduzir, como é caso da renovação periódica das plantações comerciais”, destaca o pesquisador do Incaper, José Aires Ventura.

Um dos diferenciais de Madagascar, frisa o pesquisador, é o processo de colheita inteiramente manual. “A seleção de frutos é muito bem-feita. Os produtores mandam um produto já bem classificado para as indústrias, que, por sua vez, também fazem uma classificação criteriosa. Assim, eles conseguem um produto de qualidade superior, que chega a valer até seis vezes mais que a pimenta-rosa capixaba no mercado internacional”, pontua Aires.

Os pesquisadores também conheceram exigências que o mercado europeu tem imposto para a compra da pimenta-rosa e constataram a importância das práticas sustentáveis de produção para tornar o produto mais competitivo. “É uma sinalização de que precisamos apostar mais em tecnologias para produção orgânica ou biológica, como chamam na Europa”, afirma Aires.

Outro aspecto da produção madagascarense que chamou atenção dos pesquisadores foi o cultivo de aroeira consorciado com outras atividades agrícolas, sendo a mais presente a apicultura, alternativa usada por agricultores familiares para diversificar e agregar valor à produção, a partir da exploração de mel nos períodos de floração da planta.

Unidades de referência e transferência de conhecimentos

De acordo com a bióloga e coordenadora de Recursos Naturais do Incaper, Fabiana Ruas, as práticas observadas em Madagascar também serão aplicadas experimentalmente nas unidades de referência do projeto, que é financiado com recursos do Banco de Projetos de Pesquisa da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).

“Vamos agregar uma série dessas tecnologias nessas unidades experimentais, que estão distribuídas em diferentes regiões do Estado. Nelas, faremos várias atividades para socializar os conhecimentos com os pesquisadores e extensionistas do Incaper, produtores e técnicos. Também lançaremos publicações com orientações técnicas”, informa a pesquisadora.

“É fundamental que todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva da pimenta-rosa sejam orientados e mobilizados, para aperfeiçoarmos processos, melhorarmos a qualidade do produto e alcançarmos bons resultados na comercialização”, complementa.

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