Trata-se de uma prática que o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) incentiva e recomenda conhecida como ‘Sistema Agroflorestal’ (SAF). Um sistema que permite que o produtor cultive várias espécies em um mesmo espaço, proporcionando preservação ambiental, geração de renda e maior economia de recursos.

Os SAFs são uma forma combinada de plantio de duas ou mais espécies em um mesmo espaço. O mais comum de ocorrer é o cultivo 'solteiro' onde em um mesmo espaço, existe a produção de uma só cultura (monocultivo).

Por este motivo, o Incaper implantou uma unidade de observação dos SAFs, na Fazenda Experimental Reginaldo Conde, pertencente ao Incaper, em Jucuruaba, no município de Viana. Na Fazenda, pode-se encontrar o consórcio de café conilon, bananeira e plantas nativas. As respostas do sistema estão sendo observadas pelo pesquisador, João Batista Silva Araújo, há aproximadamente três anos.

João explicou que, do ponto de vista econômico se espera maior produtividade por área com a soma dos diversos produtos. O sistema permite a diversificação em uma mesma área e ambientalmente, com o melhor aproveitamento e economia dos recursos naturais, otimizando o uso da água, do adubo e da mão-de-obra.

Além disso, o pesquisador acrescentou que os SAFs proporcionam uma melhoria significativa no microclima, uma vez que a luz que chega é melhor aproveitada, com uma tendência de redução da temperatura. “Por conta da melhoria no microclima, mais ameno, a qualidade de vida no trabalho para o agricultor também aumenta”, acrescentou.

Na unidade de Cachoeiro do Itapemirim que está mais avançada, o cafeeiro está em quatro consórcios diferentes com bananeira, pupunha, gliricídia e ingá. No sistema com pupunha, por exemplo, o cafeeiro produziu 35% a mais que no pleno sol e, além disso, colheu-se 298 kg/ha de palmito. Dentre outros benefícios foi avaliada melhoria no solo e redução do mato nas entrelinhas em 57%.

Cultivo sombreado e melhoria do café

Ainda no consórcio entre as culturas, o sombreamento do café é uma técnica importante por minimizar os efeitos do aquecimento global, criando um ambiente mais úmido e fresco para o desenvolvimento ideal do café.

O sombreamento do café é muito praticado em países da América Central, mas também tem sido utilizado em no Brasil. Em dois levantamentos feitos pelo Incaper, foram identificados mais de oitenta agricultores sombreando o café conilon, destacando-se a associação com cedro australiano, teca, seringueira, cajueiro, coqueiro, bananeira, mamoeiro, cacaueiro e gliricídia. “Essa técnica ainda contribui para a melhoria dos nossos cafés, tendo em vista que a seca e as altas temperaturas prejudicam a qualidade e produtividade cafeeira”, explicou João Araújo. A técnica tem contribuído para a melhoria dos cafés capixabas, tendo em vista que a seca e as altas temperaturas prejudicam a qualidade e produtividade.

De acordo com o coordenador Estadual de cafeicultura, o pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão, o sombreamento do café é importante por minimizar os efeitos do aquecimento global, criando um ambiente mais úmido e fresco para o desenvolvimento ideal do café. A técnica, segundo ele, que já é praticado em grande parte da Costa Rica, pode ser adaptada ao nosso sistema de produção, já que o País tem semelhança topográfica com a Região Serrana do Espírito Santo.

Os SAFs estão incluídos em uma das seis modalidades do Programa Reflorestar, do Governo do Estado.

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